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segunda-feira, 5 de agosto de 2013

No hay dolor más atroz que ser feliz... Alfredo Zitarrosa



Aquele carnaval

Aquele carnaval
Passei como Robinson Crusoé sem Sexta-Feira,
Como o derradeiro ser de uma raça em extinção.
O ruído distante dos tambores caindo dentro de mim
Como fosse o rumor de um milenar
ritual de sacrifício.

Pouco sabia de ti. Nada sabias de mim.
E eu teria dado todos os meus sorrisos tortos,
Todo o meu repertório de pequenas alegrias,
Todos os meus cuidados ainda adormecidos,
Tão somente para que estivesses comigo.

Aquele carnaval
Passei como Adão antes de perder a costela,
Diante de mim o paraíso e, no entanto,
tudo me faltava.

Depois tudo passou. Como tudo sempre passa.
Naquele carnaval eu, por fim, havia descoberto
que não só as quartas-feiras
são de cinzas.


Martim César


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