Método
infalível para deter o
tempo
Um
dia eu acreditei ter encontrado o segredo
para
deter o tempo,
De
colocar uma ferramenta na engrenagem do tempo.
Uma
palanca que detivesse essa locomotiva invisível.
Na
verdade, munido de pinças de poesia,
Eu,
delicadamente, capturei o tecido do tempo
E
o coloquei em um cofre. Depois chaveei.
Do
cofre eu peguei a chave.
E
a chave eu atirei no fundo do oceano
(no
fundo mais fundo das fossas Marianas)
Lá
onde até os peixes possuem lanternas
para
enxergarem seus focinhos.
O
cofre eu coloquei em um baú. Chaveei.
Do
baú eu peguei a chave.
E
a chave eu levei para o cimo do Aconcágua,
E
enterrei sob uma pedra
Lá
onde nem os condores pousam por ser
muito
alto e rarefeito.
O
baú eu coloquei numa arca. Chaveei.
Desta
vez com dois cadeados superpostos.
Da
arca eu peguei as chaves.
E
as chaves eu levei uma para cada pólo.
E
as enterrei sob o gelo, durante a noite
(que
lá dura seis meses).
Só
então eu pude respirar tranquilo.
Mas
então me dei conta
Que
levara tanto tempo para deter o tempo
que
já nada adiantava.
Até
por que
desde
um espelho que refletia a arca
onde
estava o baú
onde
estava o cofre
O
tempo,
Sorrindo,
enrugado e superior,
abanava
a cabeça negativamente,
assim
como zombando
da
minha humana presunção.
Martim
César
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