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terça-feira, 30 de julho de 2013

Letra da música que tirou segundo lugar em Cruz Alta - Prêmio Capitão Rodrigo



No olhar da última carreta

Chega de longe o rangido, muito antes da carreta
Que recém lá no horizonte, assoma em cima de um cerro
É a mesma cena de ontem que hoje transcorre lenta
E que – talvez - por antiga, ficou timbrada no tempo

Madeira e eixo gemendo na dor do passo que avança
Na cruz que os bois carregam, forçando o rumo na canga...
O santa-fé despenteado que contra o vento balança
Afrouxa mas não se cansa enquanto desce a barranca

A bombacha arremangada... a alpargata dura e gasta...
Da herança escassa da lida que hoje nomás termina
Dessas urgências de agora essa visagem se afasta
Só o seu recuerdo se arrasta pela memória sulina

A carreta some na estrada, no lento passo dos bois
Pressente o fim da jornada, seu tempo há muito se foi...
Mas quem ouvir seus antigos entenderá o que eu falo
Nas rodas dessas carretas cruzou a história do pago!

Retoma despacio o rumo... há que subir o repecho!...
(talvez faltem mais carretas pra ter paciência no mundo)
Por vezes um lamaçal se enfrenta ao peso dos eixos
Mas só lhe retarda o trecho, jamais lhe para um peludo!

Se hoje são só lembranças - deste presente – distantes...
Se não se ouvem rangidos, nem há mais rastros na estrada
Não pensem, estes de agora, que o tempo que segue adiante
Apaga o que veio antes e a tudo transforma em nada.

Diego Muller/Martim César



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