Sertão das águas
Arrepare
n’água, seu moço
Parece
ser tão igual
Mas
o seu jeito de poço
Dá
bem a cor do seu mal
Eu
vô fiando essas rede
Tentando
sobrevivê
Olhando
o rio, que de sede
Já
não faz mais que morrê
Meu
pai contava, seu moço
Que
em tempos do meu avô
Havia
festa... alvoroço
Na
volta dos pescadô
Agora
as rede se some
Pelas
fundeza do rio
E
quando voltam os home
Só
barco e olhos vazios
Não
sei vivê doutro jeito
Sou
pescadô de pequeno
De
quando as água do leito
Não
conheciam veneno
Vejo
no olhar do meu filho
A
mesma interrogação
Pra
quê as rede que eu fio
Se
a vida volta mais não?
Martim César
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