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sexta-feira, 22 de março de 2013

Se foram todos pra o povo, buscar o quê, não se sabe!... Ficou atrás a lembrança, que o tempo chamou saudade.





Pintura em quadro de ausência

Tenho a ausência estradeira das taperas
Onde ainda os pomares dão seus frutos
Caudal do tempo que no vento tudo leva
Gente que partiu, olhar vazio, vestindo luto

Ainda ontem havia chama no pavio
Velas pelo rancho e riso solto de criança
Uma gamela esperando junto à porta
E uma roseira florescendo de esperança

Mas o inverno desses fundos de campanha
É bem mais frio do que as geadas manhaneiras
E essa gente se cansou - igual à terra -
Se fez estrada, céu de néon, nuvem de poeira

Tenho o silêncio desses tristes corredores
De casas velhas como quadros de abandono
Portas abertas apontando para a estrada
Na voz do vento perguntando por seus donos

Templos vazios onde a vida teve um fim
Embora o tempo – por ser tempo – não esquece
E ainda se mostra na roseira envelhecida
Que a cada ano, sem porquê, ainda floresce!...

Martim César

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