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quinta-feira, 7 de março de 2013

A vida não é justa. E o que justifica esse nosso curto passeio é a solidariedade” - Oscar Niemeyer




Herança dos desvalidos

Arranchamento urbano, paredes de lata
A miséria mata nos pobres casebres
Pessoas com fome, com frio e com febre
À sombra dos prédios de quem só diz não

Monumentos insanos, monstros de cimento
Fartura e lamento se olhando de frente
Dos que têm o mundo, dos que nem são gente
Dos que tendo tudo não têm compaixão

Formigueiro humano, tristeza sem teto
Corações de concreto, embaixo da ponte
Só restam lembranças da vida de ontem
Naqueles que um dia deixaram seu chão

Derradeiro engano, caminhos perdidos
Orgulhos vencidos por pratos vazios
Mendigando favores, vendendo seus brios
Colunas vergadas pela humilhação

Só esmola não basta
A miséria se alastra
E o homem se arrasta sem sonho e sem chão
Só a fome é a certeza
Quando a mesa é o lixo
E o homem é um bicho em busca de pão

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