Herança dos desvalidos
Arranchamento
urbano, paredes de lata
A
miséria mata nos pobres casebres
Pessoas
com fome, com frio e com febre
À
sombra dos prédios de quem só diz não
Monumentos
insanos, monstros de cimento
Fartura
e lamento se olhando de frente
Dos
que têm o mundo, dos que nem são gente
Dos
que tendo tudo não têm compaixão
Formigueiro
humano, tristeza sem teto
Corações
de concreto, embaixo da ponte
Só
restam lembranças da vida de ontem
Naqueles
que um dia deixaram seu chão
Derradeiro
engano, caminhos perdidos
Orgulhos
vencidos por pratos vazios
Mendigando
favores, vendendo seus brios
Colunas
vergadas pela humilhação
Só
esmola não basta
A
miséria se alastra
E
o homem se arrasta sem sonho e sem chão
Só
a fome é a certeza
Quando
a mesa é o lixo
E
o homem é um bicho em busca de pão
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