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terça-feira, 12 de março de 2013

Quem foge à terra natal em outros cantos não pára.... Luiz Gonzaga


A cruz que deixa quem parte

A fraca luz de um lampião
Alumiando o rancho silente
Espelha no olhar dos velhos
A luz da alegria ausente

Vai-se a carreta de muda
Amanhã... mal clareando o dia
Buscar no povo o que o campo
Mermou em safras vazias

Não mais que ontem a esperança
Botava pratos na mesa
Mas veio a seca... e o descaso
Pousou no rancho a tristeza

Atrás restará a tapera
Feito cruz num solo santo
Mostrando aos olhos do mundo
Que assim vai morrendo o campo.


No olhar, a água do açude
Nuvens de inverno, na mente
Atrás estava o futuro
Mas não chegou ao presente

Destino de muitos outros
No chão sem chão de uma vila
A água há muito esperada
Só vai chover nas retinas

Martim César

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