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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Aprende, como uma das tuas primeiras obrigações, a dominar-te a ti mesmo." Pitágoras









O poeta e a folha vazia

Mais vale o silêncio triste
De uma dolente melodia
Que esse duelo que existe:
Do poeta e a folha vazia

A alma busca a palavra
Enquanto o segundo escoa
Porém a mente é escrava
Da asa que já não voa

E não existe agonia breve
Na solidão dessa arena
Se o que falta a quem escreve
Não é o tinteiro ou a pena

Pois nessa guerra interior
Sem testemunha ou lamento
O homem esconde a dor
Que lhe devora por dentro

Em frente à folha vazia
(Como um cantor já sem voz)
Compreende - por ironia -
É ele o seu próprio algoz

A porta que leva à entrada
Jamais conduz à saída
Pois onde o rio serpenteava
Restou um deserto sem vida

A flecha outrora certeira
Não mais encontra o alvo
Se quem naufraga é o poema
Como o poeta ser salvo?

Martim César

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