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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Não deixem morrer meu rio, me ajudem, por favor... o biguá que mergulhava já morreu, aguapé não dá mais flor! Paulinho Pires



Terra que te quero viva

Silêncio na terra ao braço que berra
E mata nos matos o verde da vida...
Uma trégua na guerra impiedosa que encerra
Em suas mãos o amanhã 
de uma herança exaurida” 

A chuva que cai sobre o solo
Já não rega e carrega
O chão que não gera
Para o fundo dos rios
E os rios assoreados
Transbordam recados
Anunciando a chegada
De um tempo sombrio

A cobiça de alguns
Outorgou latifúndios
Que são cortes profundos
Sobre a face da terra
Sesmarias sem fim
Para tão poucos donos
No ultrajante abandono
Que rodeia a miséria

Quem só pensa no agora
Mata o chão com certeza
E a sua pobre riqueza
É que aperta o gatilho
Quem só pensa nos lucros
Sem olhar para o lado
Vai deixar de legado
Um deserto aos seus filhos

Terra, de alma cansada
Morrendo calada
Aos olhos da fome
Terra, senhora dos frutos
Pagando os tributos
Da ganância do homem...
Aos olhos da fome!



Martim César 

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