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sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

"A vida já é curta e nós a encurtamos ainda mais desperdiçando o tempo." ( Victor Hugo )


Um rio que navega nas sombras

Há um rio que viaja em silêncio
E que corre aqui dentro de nós
É corrente que vai sem regresso
Sempre em frente a buscar sua foz

Se adivinha na tez dos espelhos
Quando mostra sua face de algoz
Se não o vemos – ele vai tão ligeiro
Se o buscamos – ele vai mais veloz

Passam sonhos que nascem e somem
Em mil vidas nos dramas diários
Sob as águas de um rio que tem fome
E só não muda o seu eterno cenário

Rio do tempo que a tudo consome
Entre margens de datas e horários
Que resumem a vida de um homem
Em dois dias sobre um calendário

Há um rio que navega nas sombras
E que força nenhuma o detém
Nem disfarce humano que esconda
Esse Deus que não poupa ninguém

É o destino que – impassível – nos ronda
Pois já sabe o desfecho que vem
Vamos todos seguindo em suas sombras
Para um mar que já não está muito além...

Martim César

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