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segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Frase que é frase termina com um ponto. No máximo... Alice Ruiz



A navalha do censor

Em princípio parecia ser somente um acento inofensivo
Um mero traço no papel, meio inclinado e um tanto fino 
Quiçá uma mesura ofertada a algum vocábulo feminino
Ou uma lágrima escorrendo sobre um amor substantivo

Porém era grave o tal acento e bem mais grave seu motivo
(e esse ser ‘grave’ me dá medo desde os tempos de menino)
Se fosse agudo feito um dente, cortando a carne e incisivo
Não seria tão daninho, nem tão crucial ao meu destino 

Mas um acento assim inverso, em uma avessa trajetória 
Tal qual navalha de censor que, sem pudor, a tudo arrase
Chegou assim ceifando tudo e mudou o rumo desta história
 
Fez naufragar o meu poema – e vejam só - que triste fase!
Era um poema que eu sonhei ver florescer cheio de glória
E que sucumbiu a ver navios (pobre de mim!)... maldita crase!

Martim César

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