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sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Eu só não tenho terra própria por que a história que eu escrevi me deserdou no testamento. Jayme Caetano Braun



Tempos de aparte

Sul do continente, terra de ninguém,
Nos mapas de história só Campos Neutrais,
Vacaria del Mar ou País del Tape,
Dos índios nativos que não voltam mais...
Lugar dos gaúchos, mescla de três raças,
Tão úteis nas guerras, tão pobres na paz.

Quando as sesmarias foram demarcadas,
Só mesmo os caudilhos ganharam seu chão.
Para o resto da tropa restou as estradas
Ou vender sua força para algum patrão,
Ser peão de estância, envelhecer na lida,
Passar toda a vida nessa marcação.

A roda do tempo sulcou gerações
E fez dos iguais seres diferentes,
E já nem sabe essa gente que incha as cidades
Que são netos de netos de heróis combatentes...

Nem sabem, por certo, que não faz muitos anos
Nestes pagos pampeanos se ergueram alambrados
E enquanto alguns poucos se encheram de campos,
Não tocou para tantos nem mesmo um bocado.

Por isso não pensem, senhores de agora,
Com suas luzentes esporas, seus aperos de luxo,
Que são mais gaúchos que os que não têm nada,
Que os filhos da estrada, que os pobres das vilas,
Que os que não desfilam nas datas sagradas!!!

(Livro 'poemas ameríndios')  Martim César


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