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segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Sapatos são seres estranhos...



Se meus sapatos saírem por aí

Meus sapatos se escaparam por aí
Talvez buscando esses lugares
Onde um dia eu vivi
Saíram sem me consultar
Feito quem vai pra não voltar
Sem sequer no adeus se despedir

Mas, meu amor, repare não
Pois na verdade só estão
Talvez demais sentimentais
Longe de mim ficam assim
Flor sem jardim, vazios demais

Sapatos têm modos estranhos
Vários tamanhos e só uma condição
Levarem sempre tanta gente
De lá pra cá, rumando em frente
Sem nem saberem aonde vão

Mas, meu amor, se meus sapatos
- talvez assim, sem mais porquê -
Se recordarem dos teus passos
E chegarem um dia até você

Não corra não, que só estão
Gastos de poeira e abandono
Iguais a um cão que não tem dono
Feito sapatos... sem ter chão!


Martim César

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