www.martimcesar.com.br

quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Coletânea de músicas premiadas em festivais - 20 anos


Martim César – Festivais – Volumes I, II e II – É uma coletânea discográfica com músicas em nível de triagem e algumas ao vivo nos palcos dos festivais. São mais de 40 canções que englobam 20 anos de festivais junto a amigos músicos, letristas, melodistas e intérpretes. Algumas dessas composições foram premiadas nas mais diversas cidades do Rio Grande do Sul e algumas em festivais nacionais. Esse trabalho é meramente promocional, portanto, é oferecido a preço de custo e não tem o intuito de gravações definitivas. Essas, caso ocorram, serão feitas pelos intérpretes futuramente, com mais qualidade. Na coletânea estão presentes músicas vencedoras do Reponte, da Califórnia, do Martin Fierro, do Laçador, do Círio, da Guyanuba, da Comparsa, etc, na voz de intérpretes do porte de Luiz Marenco, Shanna Muller, Roberto Luçardo, Robledo Martins, Joca Martins, Chico Saratt, Marcelo Oliveira, Marco Aurélio Vasconcellos, Adriana Sperandir, Rainere Spohr, Pedro Guerra e outros ícones da música gaúcha e regional. Quem quiser adquirir a coletânea encontrará poderá solicitar pela página: www.martimcesar.com.br.

Todas as letras estarão disponibilizadas no próprio site.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Alma forte e coração sereno! A furna escura está lá: entra! Entra! - Simões Lopes Neto



Com manhas de Salamanca     


De onde virá tamanho encanto 
De Salamanca morena?
Sabor de mel em seus lábios,
Sede de amor que nos queima...

No enleio das tuas miradas
Mesmo o mais livre se rende...
Quanto mais se solta a armada
Bem mais seu laço nos prende!


Mas de onde é que virá
Tão imenso encantamento?
Queria fugir... já não quero!
Porque estou preso por dentro!

Pois se tu és a Teiniaguá?!...
Moura princesa em seu lume
Vem dizer-me as Sete Provas
Quero ser o teu Blau Nunes!


De onde virá tamanho embrujo
De rio que nunca dá vau?
Eu te oferto o vinho santo
Mas não voltes pra o Jarau!

Que me esconjurem os crentes...
Minh’alma é quem paga a banca!
Quero é o teu jeito profano
Com manhas de Salamanca!!!

                                               Diego Muller/Martim César

Baseado no conto ‘A salamanca do Jarau’ de João Simões Lopes Neto.



terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Prepare o seu coração pras coisas que eu vou contar.... Geraldo Vandré


Dos Brasis do meu Brasil
                        
        Diga lá!... do meu sertão
        Sou Antônio Conselheiro
        Sou Corisco, sou Lampião
        Sou o grito de Zumbi
        A proclamá libertação
        Ganga-Zumba, sinherê
        Que sinhô não tenho não!

        Vidas secas, retirantes
        Seca igual eu nunca vi!
        Boias-frias, paus-de-arara
        Vão descendo o meu Brasil
        São os Jecas, com orgulho
        São as mãos desse país.

        Eu vi João Grilo e Chicó
        Encená a ressurreição
        Vi Assum Preto, Asa Branca
        Gonzaga, o rei do Baião
        Só não vi o sertão ser mar
        Nem o mar sendo sertão.

        Eu vi também Jacobina
        Entoá o livro sagrado
  E a pregação de três monges
        Na guerra do Contestado
        Loucura contra loucura
        E só o estrangeiro ajudado.
                       
                
        Mas, seu moço, diz pra mim
        Em que vereda, Teobaldo
        É que morreu Diadorim?
        Pôs... enfim... não te contaram
        Que isso sempre acaba assim?
        Mas vai seguir tua história
        Que esse amor nunca tem fim

        Blau Nunes, me conta um causo
        Daqueles de assombração?!
        Da Boi-tatá, do Negrinho...
        Mas tem que ser do teu chão!
        Ou deixa que a Bibiana
        Nos fale do Capitão...
       
        Eu vi a arte de um tempo
        Pelas mãos do Aleijadinho
        Vi a derrama das Minas
        Sangrando pelos caminhos
        Uns poucos contra um império
        E um cristo a morrer sozinho!
       
        Eu vi também Chico Mendes
        No meio dos seringueiros
        Lutando por nossas matas
        Contra o poder do dinheiro
        Seu sangue é um rio Amazonas
        Manchando a mão dos grileiros
       
                        
Ora, apois, seu moço... eu vi!
E ainda vou ver muito mais
        Por esses fundões do país...
        E acabo a canção dizendo
        Bem ou mal, é onde eu nasci
        E onde vou ter meu final...
        Nos Brasis do meu Brasil!

                                                Martim César
       
       


       


segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós...



Lá no Cerro do Quilombo


Olha o Cerro do Quilombo,
Olha o cerro.
Quanta história não escrita
Desse tempo
Olha a fuga da charqueada
O saladeiro
Quanto vale a liberdade?
Povo negro

Olorum didê, saruê
Olorum didê
Cada pedra da cidade
Tem teu sangue
Cada grama desses campos
Teu sofrê
Olorum didê, saruê...


Corre da senzala, corre!
Se feitô te pega, morre!...

Corre da charqueada, corre
Se sinhô te pega, morre!...

Corre das estâncias, corre!
Se patrão te pega, morre!...


Olorum didê, saruê...


Vai sê tudo igual um dia... ainda vai sê
Raça índia, branca, negra... ainda vai sê
Mas enquanto esse dia ainda não chega
Vai pro Cerro do Quilombo... vai vivê!

Martim César


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

Têm dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu... Chico Buarque



Desígnios


Não que eu quisesse desfazer o dito
E dizer que o escrito num poema feito
Sangrando meu peito fosse sem razão

Não que eu falasse em perder o norte
Temendo essa sorte que tive contigo
Procurando abrigo longe da ilusão

Não que eu fizesse um novo caminho
Para andar sozinho esquivando a dor
Por temer que a flor me ferisse um dia

Não que eu sonhasse acordar o tempo
Em que o sentimento já não fosse mais
Que um dia de paz, tarde em calmaria...



Mas a vida às vezes tem os seus desígnios
Nos esconde signos, não nos mostra a curva
E em noites turvas nos atira ao chão

Mas a vida às vezes chega sem cuidado
Nos pega cansados, copo derramando
E é sempre quando vence a solidão

E é sempre quando, gota transbordando
Flor despetalando, a dor nos esperando
Amor naufragando, nasce uma canção.


                                                                                                                Martim César

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Califórnia da Canção 2014 - Uruguaiana



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O homem dentro do espelho

                            O homem dentro do espelho

                            É tão parecido ao de fora
                            Nos traços graves de velho
                            Nas mesmas rugas de agora

                            Porém o velho de dentro
                            É só o inevitável destino
                            Esperando a roda do tempo
                            Mudar o olhar do menino

                            Antes era o avô que morava
                            Nessa imagem refletida
                            Depois partiu, criou asas
                            Sem volta e sem despedida

                            Um dia o pai, feito um quadro,
                            Dentro do espelho fez casa
                            Até, também, ser levado
                            No tempo que a tudo abrasa
                           
                            Ficou o menino, distante
                            De sonhos claros, repleto
                            No outro mundo de antes
                            No alegre rosto dos netos
                  
                            Nunca pude compreendê-lo
                            Aceitá-lo é o meu destino
          O velho dentro do espelho
                            Já se esqueceu do menino

Para assistir a música:

www.youtube.com/watch?v=20Y1Djnc-pY

                            

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

Arte pra mim não é produto de mercado. Podem me chamar de romântico. Arte pra mim é missão, vocação e festa. Ariano Suassuna



Mambembe rei, Suassuna


Um Quixote nordestino, duas pedras na algibeira
Criador e criatura de guimarânicas solidões
Enveredando por rosas; euclidiando nos sertões
Por Dulcineia, na garupa, a cultura brasileira!



Rei mambembe de párias, saltimbancos e bufões
Por castelo um poema de Inácio da Catingueira
Palavra dizendo ôxente; português como bandeira
Contra os moinhos alheios: teatro, versos, canções!



Sem a gaita de João Grilo, calou-se sua rouca voz
Mas seu legado resiste - pedra de um reino infinito -
Armorial arte de um povo; por meio, princípio e fim.



Senhora compadecida, dai-lhe um recado por nós
Mesmo que Chicó diga que fica o dito por não dito
Dito é certo que está! Eu não sei... só sei que foi assim!



Martim César

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Somos parte dessa incrível arte de renascer a cada dia...



Desígnios


Não que eu quisesse desfazer o dito
E dizer que o escrito num poema feito
Sangrando meu peito fosse sem razão

Não que eu falasse em perder o norte
Temendo essa sorte que tive contigo
Procurando abrigo longe da ilusão

Não que eu fizesse um novo caminho
Para andar sozinho esquivando a dor
Por temer que a flor me ferisse um dia

Não que eu sonhasse acordar o tempo
Em que o sentimento já não fosse mais
Que um dia de paz, tarde em calmaria...


Mas a vida às vezes tem os seus desígnios
Nos esconde signos, não nos mostra a curva
E em noites turvas nos atira ao chão

Mas a vida às vezes chega sem cuidado
Nos pega cansados, copo derramando
E é sempre quando vence a solidão

E é sempre quando, gota transbordando
Flor despetalando, a dor nos esperando
Amor naufragando... nasce uma canção.


Martim César

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Um poeta passarinho desimportante que vale mais que todas as academias deste mundo... Salve Manoel de Barros... avoa fora da asa.



O rio que fazia uma volta
atrás da nossa casa
era a imagem de um vidro mole...

Passou um homem e disse:
Essa volta que o rio faz...
se chama enseada...

Não era mais a imagem de uma cobra de vidro
que fazia uma volta atrás da casa.
Era uma enseada.
Acho que o nome empobreceu a imagem.


terça-feira, 4 de novembro de 2014

Mi infancia son recuerdos de un patio de Sevilla. Antonio Machado



España, cuando te nombro

España, cuando te nombro
Vuelvo a cruzar por tus tierras
Llanuras, valles y sierras
Que traen tiempos lejanos
Cartagineses, romanos
Arenas de gladiadores
Pueblos feudales, señores
Guerra de moros, cristianos...

España, cuando te nombro
Galopo por tus caminos
Entre castillos, molinos
En Babiecas, Rocinantes
Y me acompaña Cervantes
Y un viejo loco que avanza
Mostrándome con su lanza
Como era el mundo de antes

España, cuando te nombro
Nombro también mis abuelos
Por eso al cruzar tu suelo
Al navegar por tus mares
Soy piedra de tus hogares
Y eres un río en mis venas...
¡Jamás será tierra ajena
La que me dió sus 'Cantares'!

Cantabria, Asturias, Galicia
Catalunya, País Basco
Para siempre 'eskerrik asco'
Flamencos de Andalucía
Lejano mundo que un día
También ha sido mi mundo
Ecos de un canto profundo
Que traigo em mi poesía...


Martim César

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Vida minha, vem comigo... (Par de doidos)

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Convite

Vida,
Vê se um dia me convida
A sair sem ter destino
Tu e eu... sós e mais nada
Noite alta ou madrugada
Ou manhã bem junto ao rio
E se acaso estiver frio
Um abraço nos aquece
Um carinho já nos basta
Que esse gesto anda em falta
Em meio a tanto desvario

Vida,
Vê se um dia me convida
A andar sem ter um rumo
A esquecer tanta rotina
Tanta pressa nas esquinas
Tanta urgência sem razão
Tu e eu... e uma ilusão
Outra vez voltar no tempo
Juventude solta ao vento
O universo é uma canção

Vida,
Sei... talvez tu não consigas
Não preciso que me digas
Tudo hoje é tão intenso
Não há tempo pra o silêncio
Quem dormir, não chega não

Mas vida...
Se só existe esse sentido
Por que há tantos tão perdidos
A correr sem direção?
Mas vida...
Se só existe esse caminho
Por que há tantos tão sozinhos
Mesmo em meio à multidão?


Martim César

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

Quando eu voltar a ser criança...



Imaginação

Tarde, distância, pandorga
Menino pulando a janela
Meu sonho cruzando por ela
Imaginação
Campo, moleques correndo
O sol alumiando essa tarde
Tudo ainda não era saudade
Imaginação
Manhã, pai e mãe, casa pobre
Dia frio, a merenda da escola
Recreio, chuta logo essa bola
Imaginação

Tempo, outro tempo, meu tempo
Mil amigos, meus sonhos ao vento
Fecho os olhos e outra vez aqui estão
Tempo, que tempo!... esse tempo
Dias claros, eternos por dentro
Abro os olhos e posso ainda vê-los...
imaginação

Vida, amplidão, liberdade
Meu corpo parecia ter asas
Mas voar, só em volta das casas
Imaginação
Pátio, brinquedos, meu mundo
Para rir nos sobravam motivos
Os avós ainda estavam tão vivos
Imaginação
Noite, lembranças, refúgio
A infância não era memória
Não tinha um final essa história
Imaginação


Martim César