Um poema cruzando as grades
Caso algum dia o descaso sobre quase tudo prevaleça
E pelas ruas a indiferença, tal como
pedra se instale
Que o poeta se levante, que sua voz
nunca se cale
Que toda mentira encoberta, em cada
verso apareça
Palavra é adaga viva, pronta a ser
desembainhada
Quem cala consente a fome na mesa de
quem precisa
Há temporais que começam se disfarçando na brisa
Depois arrasam o mundo; e o tudo se
volta em nada
O poema é linha de frente, escudo
contra a opressão
Resistência dos que sofrem, asas de luz
e utopia
Pois podem matar o poeta, tentar calar
sua canção
Porém, por mais que procurem, não
calarão a poesia
O poema é arma de vento, punhal que fere
na escrita
Defesa dos oprimidos, papel mostrando a
verdade
Pois podem matar o homem, prender sua
mão maldita
E o poema ainda será livre cruzando
todas as grades
Caso os Quixotes um dia desconheçam suas
trincheiras
E ataquem os indefesos em vez de a fúria
dos moinhos
Que o poeta use da pena e nos mostre
essas fronteiras
Entre quem cultiva flores e quem rega só
os espinhos
Palavra é bala invisível que atinge a
carne da alma
Há que se usar com cuidado para não
errar o seu alvo
Deve sempre quem escreve manter a mira
com calma
Para alcançar só o culpado, para o
inocente ser salvo!
Martim César
Martim, aplausos". Um poeta de qualidade homenageando um outro grande poeta da prosa. Isso é uma obra completa. Abraços. Wenceslau.
ResponderExcluirOi Poeta!
ResponderExcluirComo sempre, lindo!!
O poema, claro :)