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quarta-feira, 15 de abril de 2015

Homenagem ao mestre das utopias: Eduardo Galeano.




Um poema cruzando as grades

           


        Caso algum dia o descaso sobre quase tudo prevaleça
        E pelas ruas a indiferença, tal como pedra se instale
        Que o poeta se levante, que sua voz nunca se cale
        Que toda mentira encoberta, em cada verso apareça

        Palavra é adaga viva, pronta a ser desembainhada
        Quem cala consente a fome na mesa de quem precisa
        Há temporais que começam se disfarçando na brisa
        Depois arrasam o mundo; e o tudo se volta em nada

               O poema é linha de frente, escudo contra a opressão
        Resistência dos que sofrem, asas de luz e utopia
        Pois podem matar o poeta, tentar calar sua canção
        Porém, por mais que procurem, não calarão a poesia

        O poema é arma de vento, punhal que fere na escrita
        Defesa dos oprimidos, papel mostrando a verdade
        Pois podem matar o homem, prender sua mão maldita
        E o poema ainda será livre cruzando todas as grades

        Caso os Quixotes um dia desconheçam suas trincheiras
        E ataquem os indefesos em vez de a fúria dos moinhos
        Que o poeta use da pena e nos mostre essas fronteiras
        Entre quem cultiva flores e quem rega só os espinhos

        Palavra é bala invisível que atinge a carne da alma
        Há que se usar com cuidado para não errar o seu alvo
        Deve sempre quem escreve manter a mira com calma
        Para alcançar só o culpado, para o inocente ser salvo!

                                                                Martim César

        

2 comentários:

  1. Martim, aplausos". Um poeta de qualidade homenageando um outro grande poeta da prosa. Isso é uma obra completa. Abraços. Wenceslau.

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  2. Oi Poeta!
    Como sempre, lindo!!
    O poema, claro :)

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