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terça-feira, 18 de março de 2014

Ora direis ouvir estrelas.. certo! Perdeste o senso... Olavo Bilac




No rumo das boleadeiras

Foi quando a pedra da lua lançou-se da boleadeira
Primeiro partiu-se em duas, depois em três... virou poeira
Cá em baixo os olhos dos índios viram surgir as estrelas
Depois chegaram os brancos e ninguém mais 
                                                                         pode vê-las

Mescla de sangues e raças, tempos que o tempo                                                                                             esqueceu
Degolas, flechas e adagas.../ mundo esquecido por Deus

Foi quando o claro dos rios tingiu-se em rubro sol-pôr
Mormaço, noites de frio... o sangue a mostrar sua cor
O sal, o suor e o charque, brotando das mãos escravas
A dor parindo o amanhã de um sol que nunca chegava

O cantochão das senzalas,/ o mal que não tem 
                                                                           nem nome
A cor escura ou a clara/ ditando a sina dos homens...

Foi quando dessas três pedras nasceu um caminho novo
Brotou do ventre da terra e se fez semente de um povo
A lança então foi fuzil... que se fez arado e canção...
E que hoje eu trago no sangue jorrando na imensidão.

O rumo que – enfim - nascia/ das pedras no céu azul
É o laço das Três Marias/ rondando as noites do Sul.




       Martim César Gonçalves

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