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segunda-feira, 24 de março de 2014

Lá em riba estão as estrelas... cá embaixo... o cantar dos galos! Aureliano de Figueiredo Pinto




Olhos do Pampa

Nas noites claras do Pampa, bem acima dos galpões
Há olhos que nos vigiam e são mais que apenas clarões
São, talvez, visões de um tempo vindo de outras gerações
Dos que escreveram a história que hoje eu trago comigo
Responso, sangue e memória - razões dos rumos que eu sigo.

Pois somos o elo da corrente que chega desde o passado
Guardiões de velhas taperas, cuidando o solo sagrado
Nas veias trazendo a seiva e o gosto do mate amargo
Um rio antigo que nos une já desde a ronda primeira
Quando não havia alambrados, nem países, nem fronteiras.

Por isso ao cair da noite... bombeando a luz das estrelas
Me pego cismando, às vezes, que todo gaúcho ao vê-las
Enxerga o lume de um tempo que se timbrou no seu peito
Outras eras... outra idade que moldou pra sempre seu jeito
Pois foi ao redor dos fogões que nasceu a nossa identidade!

Cada fogueira do Pampa com sua misteriosa claridade
Alumiou a tez desses homens que há muito já não estão
Mas que forjaram essa pátria que trago em cada canção
Lugar onde sei que um dia também teria minha campa
Sob o clarão das estrelas... os sagrados olhos do Pampa!




Martim César

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