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quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Mas será que não somos mais índios que brancos?





Outras margens  (Diego Müller/Martim César)     


Cambiou o mundo de pronto, sem nem se entender porquê
E se calaram teus cantos, teu mundo se fez tão raro,
Que a vida altiva de antes perdeu o entono de ser...
Já não há lanças, nem cruzes, nos ranchos de lona e barro!

O rio que foi teu caminho, hoje é mais uma autopista
Onde não cruzam os peixes, só há tristeza e escassez
Há cidades e alambrados, na terra a perder de vista
Mas as matas, com teus rastros, não cruzarás outra vez!

Te reservaram outras margens às margens das rodovias
Ou em reservas mal vistas, sombra dos sóis ancestrais
Mas onde estarão os teus cantos e onde o verde que havia?
Rompeu-se o tempo de um mundo que não voltará nunca mais!

Talvez o branco compreenda - se já não for tarde demais -
Que está matando sua vida em sonhos artificiais
E busque no mundo índio, o que perdeu de harmonia...
Não há dinheiro que compre sequer um pouco de paz!

E passam carros correndo no asfalto das correntezas
- Não são canoas de antes cruzando águas serenas -
Para os que vão nesses barcos, só a pressa é a certeza
Morrem em busca de um tempo que por correr lhes condena

Nas miradas que se cruzam há dois olhares distintos
Dois modos de ver a vida sobre léguas de estranheza
Te olham como se fosses um ser já de há muito extinto

E não como alguém que sabe que é parte da natureza!

2 comentários:

  1. Martim,
    Gostei demais. O tema é deveras apaixonante. Nunca é demais tentar entender "outras" culturas. E digo isso em qualquer questão que se refira a qualquer etnia. Cumprimentos. Blog do Wenceslau.

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  2. Salve Wenceslau
    Gracias
    Me manda teu email pra ficarmos em contato.

    Abraço

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