www.martimcesar.com.br

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Letra vencedora da Moenda 2015 e crítica do Náufragos Urbanos - dois orgulhos

Antena - ZH 15/08/2015 - Coluna Juarez Fonseca

Náufragos Urbanos, de Martim César, Ro Bjerk e Ricardo Fragoso – Raríssimos letristas gaúchos navegam com naturalidade entre a música nativista e a MPB. Lembro dois grandes: Apparício Silva Rillo e Sergio Napp. Também poeta e escritor com cinco livros, e prêmios em muitos festivais, Martim César é um deles. Este sétimo álbum em 20 anos de carreira, segundo com temática urbana, comprova o talento para versos universais e ritmos como o samba, predominante no CD. São oito parcerias com Ricardo Fragoso e cinco com Paulo Timm, ambos da Zona Sul do Estado – como Martim, que é de Jaguarão. Ao lado da ótima cantora Ro Bjerk e de músicos da competência de Aluísio Rockembach (acordeão) e Daniel Zanotelli (sax), Fragoso (voz, violão, arranjos) afirma o caráter discursivo, incisivo, até político, das palavras de Martim e seu parentesco com Dylan, Vandré, Belchior. Mas tudo com sotaque gaúcho. Um disco surpreendente. Independente, R$ 20, contato em martices@bol.com.br 





Aprendizagem
               
                Se hoje o barco em que eu navego
                Já não teme singrar águas revoltas
                É porque as curvas misteriosas desse rio
                (que há tempos já não nego)
                Sabem há muito que estou pronto
                E que vou assim ao seu encontro
                Corpo leve, alma aberta, velas soltas

                Mas confesso, se eu pudesse
                Eu voltava pra esse tempo
                De pandorga solta ao vento
                Onde nem o tempo havia
                Quando a alma tinha asas
                Onde o mundo era as casas
                A vida o sol de cada dia

                Mas confesso, se eu pudesse
                (só, talvez, por um segundo)
                Eu voltava pra esse mundo
                Onde iniciei meu destino
                Quando a vida tinha asas
                Onde ainda junto às casas
                Estão meus passos de menino

                Se hoje as pedras que eu enxergo
                Já não podem desviar-me do caminho
                É porque eu já sei do imenso desafio
                De receber menos do que entrego
                De ver que são complexos os amores
                Pois só sabe dar valor ao mel das flores
                Quem entende a razão dos seus espinhos.


                                                               Martim César
                                                                                               Música: Zebeto Correa

Nenhum comentário:

Postar um comentário