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segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Letra em parceria com o meu amigo Maurício Raupp...


Quando os pássaros partirem


Eu sou aquele em que os pássaros pousam
Assim me chamam por não saberem meu nome
E eu não o direi porque a eles não interessa
Se eu acaso tenho frio, se eu decerto tenho fome.

Eu sou o mesmo de antes desses pássaros
Esse sem nada que da praça um dia se apossou
Sou esse fantasma que recém foi encarnado
Quando um deles, sem temor, em mim pousou.

Eu aprendi o meu lugar, sei por que estou aqui
(onde me deixaram para esquecerem de mim)
Com o tempo eu aprendi a respirar sem existir
Desapareci na paisagem feito uma estátua enfim

Sou esse de poucos dentes e de nenhum futuro
Maltrapilho, mal visto, comendo restos de pão
Porém tenho um dom: por parecer uma estátua
Os pássaros comem migalhas na minha mão.

Eu sou aquele em que os pássaros pousam
Com o tempo eu aprendi a respirar sem existir
E - como sempre - deixo de ser de carne e osso
Quando, outra vez, os pássaros decidem partir.


                                                Maurício Raupp/Martim César

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