www.martimcesar.com.br

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Parceria com um grande amigo de letras e utopias



Pelos pés do Curupira


I
Toda história tem um fim
Mas este fim é o começo
Para que te percas no enredo,
E caias nalgum tropeço
Enquanto olhas meus pés
Caminhando ao avesso.

II
Eu moro numa floresta
Onde há versos populares
Nos alfabetos caboclos
Nos saberes milenares
Dos Anônimos cantadores
Sou mais um entre milhares.

III
Cada um no seu papel
Cada um no seu lugar
Patativa num cordel
Jaime Caetano a payar
Todos eles suas aldeias
Universais a cantar.

IV
Vá embora mercador
Não cace nesse lugar
Madeira dessa floresta
Só de velha vai tombar
Guarde suas trinta moedas
Não está a venda meu cantar.

V
Meu canto não é novidade
É o de sempre que promovo,
O antigo que se renova
Na sábia boca do povo
Todo modismo envelhece
Mas meu canto segue novo.

VI
Cantar com voz de rebanho
É nunca ter canto algum
É um querendo ser todos
Todos querendo ser um
É ser só canto de outro
E seguir sendo nenhum.

VII
Agora tens o fio da meada
Pensas que vais me encontrar
Pegarás a trilha certa
Que eu fiz para te enganar
Que dará fora da mata
Que eu vivo pra cuidar.

VIII
Mas não esqueçam que poucos
Podem iludir muita gente
E o que nos vendem por arte
Pode ser artimanha somente
Dos que nos levam pra trás
Mesmo dizendo ir para frente

IX
Toda história tem começo
E eu a comecei pelo fim.
Meio verdade e mentira
Pois toda lenda é assim
Meu nome???... é CURUPIRA
E volto ao lugar de onde vim.


Maurício Raupp/Martim César




Nenhum comentário:

Postar um comentário