
Pelos pés do Curupira
I
Toda história tem
um fim
Mas este fim é o
começo
Para que te percas
no enredo,
E caias nalgum
tropeço
Enquanto olhas meus
pés
Caminhando ao
avesso.
II
Eu moro numa
floresta
Onde há versos
populares
Nos alfabetos
caboclos
Nos saberes
milenares
Dos Anônimos
cantadores
Sou mais um entre
milhares.
III
Cada um no seu papel
Cada um no seu lugar
Patativa num cordel
Jaime Caetano a
payar
Todos eles suas
aldeias
Universais a cantar.
IV
Vá embora mercador
Não cace nesse
lugar
Madeira dessa
floresta
Só de velha vai
tombar
Guarde suas trinta
moedas
Não está a venda
meu cantar.
V
Meu canto não é
novidade
É o de sempre que
promovo,
O antigo que se
renova
Na sábia boca do
povo
Todo modismo
envelhece
Mas meu canto segue
novo.
VI
Cantar com voz de
rebanho
É nunca ter canto
algum
É um querendo ser
todos
Todos querendo ser
um
É ser só canto de
outro
E seguir sendo
nenhum.
VII
Agora tens o fio da
meada
Pensas que vais me
encontrar
Pegarás a trilha
certa
Que eu fiz para te
enganar
Que dará fora da
mata
Que eu vivo pra
cuidar.
VIII
Mas não esqueçam
que poucos
Podem iludir muita
gente
E o que nos vendem
por arte
Pode ser artimanha
somente
Dos que nos levam
pra trás
Mesmo dizendo ir
para frente
IX
Toda história tem
começo
E eu a comecei pelo
fim.
Meio verdade e
mentira
Pois toda lenda é
assim
Meu nome???... é
CURUPIRA
E volto ao lugar de
onde vim.
Maurício Raupp/Martim César
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