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segunda-feira, 11 de julho de 2011

No soy de aquí, ni soy de allá, no tengo edad ni porvenir y ser feliz es mi color de identidad. Facundo Cabral




Os poetas estão mortos




Reunião de cúpula dos senhores da guerra.



O generalíssimo fala:

“ - Finalmente os poetas estão mortos.

Não restou nenhum habitante desse reino de ilusões.

Podemos seguir para a segunda fase da nossa conquista.

Reitero: - Os poetas estão mortos... todos eles.”



Porém, no final da mesa (aquelas mesas gigantescas) alguém grita:

“- Mas e a poesia, como haveremos de matar a poesia?”



O generalíssimo olha com furor para o seu inquiridor

(um reles general de divisão, recém promovido)



E contesta:

“- Se os poetas estão mortos, logicamente a poesia também está morta.



- Mas senhor... eu ainda recordo várias poesias... isso não quer dizer que a poesia não morreu?



- Já trataremos disso.”



Olha para os outros comandantes. Alguns graduados com medalhas adornando suas fardas militares.

“- Fuzilem-no”.



Sob protestos o infeliz general é carregado, vendado e fuzilado.



“Agora sim a poesia está morta.”



Ninguém se atreve a contestar.



Contudo, misteriosamente, nos dias que se seguem, todos os presentes àquela reunião de cúpula começam a se suicidar.





O generalíssimo não se suicida, mas enlouquece. Também ele acaba tentando o ato extremo, mas lhe falta a coragem necessária.

Assim perde o mando e é, por fim, internado em um manicômio.



Dizem os cronistas que ele anda hoje em dia pelos corredores a recitar incansavelmente alguns versos de Neruda.



Martim César


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