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segunda-feira, 4 de julho de 2011
La paz no es solamente la ausencia de la guerra; mientras haya pobreza, racismo, discriminación y exclusión difícilmente podremos alcanzar un mundo de paz. Rigoberta Menchú
Fragilidade
(para Rigoberta Menchú)
Uma mulher lutando contra um império.
Uma mulher detentora da força de todo um povo.
Uma mulher índia. Latino-americanamente índia.
Uma mulher gritando a vida dos seus mortos.
Eles aniquilados, torturados, desaparecidos,
(nela ressuscitados, renascidos, redivivos).
Eles, aos milhares, às centenas de milhares,
fuzilados, trucidados, engolidos pela terra.
Eles, agora envoltos pela mesma mortalha
feita da terra a que pertenciam
e que a eles pertencia.
Eles reerguendo-se, levantando-se, renovando-se
na eternidade cíclica da árvore e da semente.
Uma mulher somente, e que é muitas mulheres.
Uma mulher apenas, e que é todas as mulheres.
Rompendo casulos, levantando véus, saindo da casca,
descobrindo-se livre por si mesma,
sem liberdades oferecidas ou alforriadas.
Uma mulher liberta e não libertada.
Índia, branca, mestiça, negra, o que importa?
Uma mulher feito um rio rebentando represas.
Uma mulher onde se encontra o olhar de todos nós.
Uma mulher varando a escuridão da noite artificial,
revelando a face por trás das máscaras
de todos os opressores deste mundo.
Uma mulher mostrando que fragilidade e fraqueza
embora sendo palavras parecidas,
na realidade, têm significados inteiramente,
totalmente, completamente diferentes.
Martim César
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEstou encantada com este poema... Perfeito: une a verdade ao sonoro, tão singelo e às vezes tão efêmero.
ResponderExcluirPorque mulheres são sim fracas, por serem humanas, mas tão mais frágeis pelo dom de amar, o que nunca impede de revelar "a face por trás das máscaras de todos os opressores deste mundo." e de romper "casulos, levantando véus, saindo da casca, descobrindo-se livre por si mesma,sem liberdades oferecidas ou alforriadas.(ser uma mulher liberta e não libertada)" e lutar contra um império, deter a força de todo um povo. Sim, não há melhor descrição para as mulheres latino-americanas, que tanto vê e sente, mas que não permite o desespero insano de desistir, aceitar e se curvar... Somos índias, brancas, mestiças e negras. Por isso SOMOS!