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terça-feira, 2 de agosto de 2011

Morrer é apenas não ser visto. Morrer é a curva da estrada. (Fernando Pessoa)




Sob uma cruz de madeira




Há uma cruz junto à estrada

Feito um triste monumento

A mostrar que a vida é um nada

Não mais que um sopro no vento



A quem pertence... o que importa?

É uma a mais de outras tantas

Esperança e madeira já mortas

Num pássaro que já não canta



Partiu-se ao meio um destino

...errou o sentido da seta!

Foi mais um que - em desatino -

Fez de uma curva uma reta



Fica um vazio tão imenso

Que nenhum poeta descreve

Resta um olhar de silêncio...

Que a terra lhe seja leve!



Há uma cruz junto da estrada

Rodeada de algumas flores

É a morte, enfim, enfeitada

Pois também tem suas cores...



E assim se vai tanta gente

Vidas perdidas na poeira

Sonhos desfeitos... pra sempre!

Sob uma cruz de madeira!



Martim César







segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Nossas loucuras são as mais sensatas emoções. Tudo o que fazemos deixamos de lembranças para os que sonham um dia ser como nós: loucos, mas felizes.



Puro sentimento




Como o sol que precisa do olhar

E o olhar que precisa do amor

É o amor quem nos leva a cantar

Mergulhar nesse rio, como for



Esse frio de emoção que há em nós

Quando se abre a cortina da vida

Dá sentido aos caminhos da voz

Faz brilhar nossa luz mais sentida



Leve chama que inflama o universo

No mistério do que ainda virá...

Qualquer vida é maior do que um verso

Mas quem pode viver sem sonhar?



O menino olha as águas do rio

E a vontade, afinal, vence o medo

Tão pequeno parece o seu desafio

E, no entanto, esse é o grande segredo.



Martim César

terça-feira, 26 de julho de 2011

Agenda

Dia 27 - Lançamento do CD - Já se vieram!

Casa de Cultura Mario Quintana - Teatro Bruno Kieffer - 20 hs.



Dia 29 - Coxilha de Cruz Alta

Sede como os pássaros que, ao pousarem um instante sobre ramos muito leves, sentem-nos ceder, mas cantam! Eles sabem que possuem asas. Victor Hugo




Pequeno poema de sol para dois Bem-te-vis




Numa clareira amanhece

Um sol sereno de abril

Bem na picada do mato

Que corre junto do rio


Já o verão dos mormaços

Ganhou a várzea e sumiu

Chegaram dias amenos

Ainda distantes do frio


Desde a copa de um salso

Há um passarinho que entona

Um canto de amor... serenata...

Buscando a voz da sua dona


Depois espreita em silêncio

Como bombeando a sentir

Mas não escuta sua amada

‘Onde estarás, Bem-te-vi?'


Por que não posso te ouvir

Sem ti meu sol não existe

Meu canto soa tão triste

Pois não te vi, não te vi’



O sol na fresta das folhas

Se volta em estrelas no chão

Enquanto o aroma da terra

Se espalha na imensidão


Desde a copa de um salso...

Há um passarinho que entona

Um canto de amor... serenata...

Buscando a voz da sua dona


Depois espreita em silêncio

Como bombeando a sentir

E então escuta sua amada

‘Chegaste enfim, Bem-te-vi?


Que lindo poder te ouvir

Teu canto é um dia de sol

Que faz minha vida arrebol

Meu Bem-te-vi, bem te vi!!!’






Martim César



segunda-feira, 25 de julho de 2011

En mi país somos miles y miles de lágrimas y fusiles, un puño y un canto vibrante, una llama encendida, un gigante que grita: adelante! adelante! Alfredo Zitarrosa







Cuando juega la celeste


Como un cielo de verano,


como el trueno de un tambor,

con la cara del murguista

cuando baja del camión.



Asomando por el túnel,

dominando la emoción,

a la cancha la celeste,

al boliche de la esquina,

cerca del televisor



Vamo',

vamo' arriba la celeste.

Vamo',

desde el Cerro a Bella Unión.

Vamo',

como dice el Negro Jefe:

"los de afuera son de palo",

que comience la función.



Vamo'

vamo' arriba la celeste.

Vamo',

la de ayer y la de hoy.

Vamo',

los championes de los pibes,

los botines del '50,

rocanrol y bandoneón.



Cuando juega Uruguay corren tres millones

corren las agujas, corre el corazón,

corre el mundo y gira el balón,

corre el pingo de la ilusión,

como un augurio de aquella canción.



Vamo' (Uruguayos campeones de América y del Mundo)

Vamo',

Hacha y tiza y mostrador.

Vamo',

que la historia esta cantando

con el ritmo de La Teja,

con la fuerza de La Unión.



Vamo'

Vamo' arriba la celeste.

Vamo',

con la pinta de un gorrión.

Vamo',

con linaje de rebelde,

sin más gala que su vuelo,

con destino de campeón.



Asomando por el túnel,

dominando la emoción.

A la cancha la celeste!

A las páginas de gloria!,

escalón por escalón.



Vamo',

vamo' arriba la celeste.

Vamo',

desde el Cerro a Bella Unión.

Vamo',

como dice el Negro Jefe:

"los de afuera son de palo",

que comience la función.



Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo' arriba!

Vamo' arriba la celeste.

Vamo',

La de ayer y la de hoy

Vamo',

que la copa está preciosa,

la tribuna la reclama.

Uruguay que no ni no!



Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo' arriba!

Vamo' arriba la celeste.

Vamo',

desde el Cerro a Bella Unión.

Vamo',

como dice el Negro Jefe:

"los de afuera son de palo",

que comience la función.



Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo'!

Vamo' arriba!

Vamo' arriba la celeste.

Vamo',

la de ayer y la de hoy.

Vamo',

los championes de los pibes,

los botines del '50,

rocanrol y bandoneón.





Jaime Roos


sexta-feira, 22 de julho de 2011

Templos vazios onde a vida teve um fim, embora o tempo - por ser tempo - não esquece, e ainda se mostra na roseira envelhecida, que a cada ano sem porquê ainda floresce. CD Da mesma raiz



O que o tempo chamou saudade




Dizem que ficaram por aí

Que jamais puderam ir

Como outros tantos que partiram

No pó da estrada, sumidos

A buscar em novos rumos

Velhos sonhos já perdidos...



Falam que são luzes pelos campos

A rondarem esses ranchos

Que de há muito já caíram

- Madeira e barro vencidos...-

Mas que seguem existindo

Na memória dos antigos



Contam - e há uns que ainda juram -

Que nas noites mais escuras

Eles surgem desde as sombras

Como acordando as paragens

Dos corredores do pago

Pra serem mais que visagens...



Que têm nomes... sobrenomes...

E são as almas desses homens

Que volta e meia se encontram

Nos ranchos da imensidade

Para lembrarem de um tempo

Que o tempo chamou saudade.



E assim desfilam seus causos

De um mundo já olvidado

Que faz parte de outras eras...

Por isso é que no meu pago

Quando se apagam os campos

Se acende a luz das taperas!





Martim César

quinta-feira, 21 de julho de 2011

La fina seda se rompe; la muerte que allí venía: vamos el enamorado, la hora ya es venida! Romance del enamorado y la muerte

DIOS Y EL DIABLO EN LA TIERRA DEL SOL-Galuber Rocha

Coplas de amor y de muerte




Cuando de cara a la muerte

No tiembles mucho, compadre

No vas a cambiar tu suerte

Si para eso es muy tarde

Mejor morir siendo fuerte

Que morirse por cobarde



Si digo amor, compañera

Yo digo también olvido

Que el amor es una hoguera

Que se apaga en un descuido

Y como quiero que quieras

Quizás ni yo he querido



Sabe el diablo por diablo

Pero más sabe por viejo

Y el hombre, al fin y al cabo

Es de Dios sólo un reflejo

Que cruza el tiempo apurado

Y por eso no va lejos



Al amor hay que cuidarlo

Sin demostrar ningún miedo

Sin parecer ser esclavo

Ni figurarse su dueño

Que una cosa es el caballo

Y otra cosa el caballero



Dijo la muerte al viajero:

Siempre seré tu destino!

Donde vayas, compañero

Llevarás mi amor contigo

Que por tu vida me muero

Que por tu muerte yo vivo



Martim César

quarta-feira, 20 de julho de 2011

Donde estas ahora Kuñatai que tu suave canto no llega a mi? Recuerdos de Ypacaraí



Romance Charrua




Chalouá,

Echo de menos tu mirada em mi camino

Aunque el destino por gualicho quizo así

Como condena nuestra pena es vivir lejos

Pero te llevo sin que él sepa junto a mí



Mi soledad

Se hace canción para volar en las praderas

Por esa tierra que hace tiempo fue tan mía

Ya no estoy, ya no estás... es otro tiempo

Pero en el viento tu nombre suena en rebeldía



Chalouá,

Muchacha dulce como la miel del camoatí

La noche en tu pelo, tus ojos de fuego

Son como el cielo donde alumbra el Guidaí



Chalouá,

Eras tan libre como en las llanuras el berá

Montaña y mar mezclando el verde y el azul

Tus pies pequeños dejaban huellas en la arena

La vida entera bajo el sol y la cruz del sur



Inmensidad,

Ya los Charruas se marcharon para siempre

Sangre y simiente rumbo al tiempo del olvido

Mas en alguna estrella yo estaré, luz y silencio

Porque en el recuerdo de tu amor yo sobrevivo



Palabras Charruas
_________________


Chalouá – Muchacha
Gualiche – Diablo

Guidaí – Luna

Berá – Ñandú





terça-feira, 19 de julho de 2011

É doce morrer no mar... Dorival Caimmy


O mar de Alfonsina





Hoje eu quero o mar de Alfonsina

Um poema em corais ao sul sangrando

Vida em cena que acena e se termina

Mas se eterniza em estrelas naufragando



Uma flor que por amor em vão germina

E que decide - nesse ato - onde e quando

Pois um oceano é toda alma feminina

Um copo cheio a cada gota transbordando



Podes dormir, pois essas algas são lençóis

Deixa que a lâmpada eu a apago mansamente

E se ele chamar eu só direi que não estás...



Se quer te ouvir que ouça o mar dos caracóis

Se quer te ver que veja o mar ao sol poente

Mas se quer te amar, eu só direi ‘tarde demais’!...



Mas se quer te amar, amor, direi

                                                  que a deixe em paz...

                                                             a deixe em paz...

                                                                 a deixe em paz!!!



Martim César



















segunda-feira, 18 de julho de 2011

No inverno te proteger, no verão sair pra pescar, no outono te conhecer, primavera poder gostar, no estio me derreter pra na chuva dançar e andar junto. (Beto Guedes/Ronaldo Bastos)




A fortaleza

Era uma fortaleza inexpugnável.
Dizem os que a cercaram e ainda vivem
Que durante tempos mais eternos que o próprio tempo,
Ela resistiu a todas as investidas.
Dizem, também, que os maiores cérebros da humanidade,
Através dos cálculos e das tecnologias mais avançados,
Inventaram armas cada vez mais potentes e destrutivas,
E que, mesmo assim, nem canhões nem mísseis,
Nem bombas infalíveis lançadas com precisão cirúrgica,
Alcançaram destruir as suas muralhas defensivas.

Era uma fortaleza realmente inexpugnável.
Até o dia em que um louco que nada entendia de batalhas,
Nem de guerras, nem de cercos, nem de táticas militares,
E muito menos de complicadas estratégias de combate,
Inventou uma estranha arma que chamou de poesia.
E, por primeira vez e para sempre,
Foi possível penetrar no quase inexpugnável
                                         coração dos homens.


Martim César

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Antes de mim outros tantos... e a mesma sina: quem sabe? Fazer eterno o meu canto pra enfim tornar-me saudade...


Canções que registram as imagens desse povo que ainda vive nos fundos de corredor, ou nos ranchos de beira de estrada. Tropeiros, alambradores, posteiros, esquiladores, bolicheiros, peões de estância, domadores. Personagens reais que o tempo insiste em apagar, mas não consegue. Basta um domingo de carreiras e lá estão eles. Nas margens das canchas retas, improvisando um jogo de tava e soltando seus versos onde a balaca de cada paisano é pura poesia pampeana. 'Não é só butiá que dá em cacho', 'Água que se queima o rancho' e por aí afora. E – de repente – já está na hora de mais uma penca... ainda hoje posso divisar nos caminhos da memória um Dom Segundo (já no fim da vida) mal e mal se segurando em riba do seu pingo e apostando os pilas, que trazia dobrados na guaiaca, com um 'gaucho' chamado Torquato Flores, mui conhecido por pajador e calavera. O coimeiro, finalmente dá por terminadas as apostas. O tempo parece que para nesse momento... os parelheiros aparecem no partidor... e – como acontece há mais de dois séculos nessas lonjuras da fronteira – ouve-se a frase famosa, que parece haver nascido com o primeiro campeiro, mescla de índio, negro e branco, que povoou estas bandas: 'Já se vieram!'.






Já se vieram!



Melodias e interpretação: Marco Aurélio Vasconcellos



Letras: Martim César Gonçalves



Arranjos: Marcello Caminha



Lançamento oficial: dia 27 de julho, teatro Bruno Kieffer, Casa de Cultura Mario Quintana – Porto Alegre – RS – 20:00

quarta-feira, 13 de julho de 2011

No crezca mi niño, no crezca jamás... vuele bajo porque abajo está la verdad, eso es algo que los hombres no aprenden jamás. Facundo Cabral




Presume-se




Presume-se que seja algo totalmente antiquado, hoje em dia, falar de amor.


Que Vinícius já não teria sentido em um mundo como o atual.


Que Neruda não seria, caso nascesse meio século adiante, essa vertente impetuosa de palavras mágicas. Nem bailaria com Matilde e que tampouco daria um filme.


Que Alfonsina não se mataria, nem deixaria o seu testamento em um poema.


Que a sociedade dos poetas mortos seria apenas uma sociedade anônima, cujo capital pertenceria a algum magnata estadunidense ou a algum mafioso russo.


Presume-se.


Presume-se que quem fale de amor esteja 'out'. Ou pior ainda: seja 'out'.


Afinal, estaria um doido neanderthal falando de um sentimento ridículo e as novas gerações cibernéticas torcendo seus narizes e sacudindo suas cabeças.


Ou nem seria necessário tanto. Fones de ouvidos e um delete seriam suficientes.


Não sabe esse dinossauro que hoje é tão rápido e fácil conseguir-se um romance.


É feito um fast-food. Algo assim como um fast-love.


Rápido atendimento. Preço barato e satisfação garantida.


E isso não se presume.


Presume-se.

Presume-se que seja algo totalmente ultrapassado, hoje em dia, falar de amor.


Que este poema não deva falar de amor.


Que não se fale de amor.


Nada de amor.


Presume-se.




Por isso não escreverei sobre amor neste poema.


Nem uma só linha.


Presume-se.






Martim César