Memorial
do chão
Mas
como posso me esquecer desses lugares
Onde
os meus sonhos se timbraram pelo chão
Se
ainda resistem no lado oculto dos olhares
Se
lá os meus passos de menino ainda estão?
Lembro
um avô sempre a cuidar seus parelheiros
Rastros
de um tempo que com ele se acabou
Bombacha
e mango, voz altiva de uma raça...
De
que penca de domingo seu cavalo não voltou?
Lembro
que havia um jardim bem junto a casa
(
dos seus cuidados minha avó fez a sua vida! )
Ainda
tenho em minhas narinas seus aromas
Antes
que o pátio fosse ausência e despedida
Seguir
em frente é o que nos cabe por destino
Cada
regresso nunca é mais que uma ilusão...
No
entanto, às vezes, fecho os olhos e imagino
Que
retorno à infância pelas mãos do coração!
E
eu não preciso que me guiem... eu sei de cor!
Pois
cada caminho que lá andei, conheço bem
Ao
entardecer eu sempre ouvia a mesma voz
'Volta,
meu filho... por que a noite logo vem...'
Lembro
a cacimba e o frescor da àgua salobra
Que
nos mormaços dava um fim à minha sede
Roldana
e balde e esse rangido da saudade
Que
hoje me invade nos retratos da parede
Por
isso entendo que sou vida e sou memória
Que
vem comigo e que a distância não dilui
Em
cada linha que eu escrevo no presente
Vive
o menino que há muito tempo eu fui.
Martim
César
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