Noturna
flor do meu pago
Milonga
pura pra emborrachar-me nesta noite
Na
seiva escura que me arde feito açoite
Bebida
estranha que de sonhos me embriaga
Quanto
mais bebo mais se abrem minhas chagas
No
absinto do teu copo há um outro mundo
Nesse
teu leito se esconde um rio profundo
Estranha
lava que nos queima em melodias
Que
vão brotando nos desvãos da poesia...
Milonga
escura que escorre por meu sangue
Rito
ancestral que a cada gole eu benzo e trago
Forjaste
um povo desde o Prata até o Rio Grande
Canção
do vento embalando a voz do pago
Milonga
negra, índia, branca em mestiçagem
Cerne
do Pampa, desde a copa até a raiz
Quando
te entoo afirmo a minha identidade
Em
teus acordes canta o sul do meu país
Milonga
escura feito a noite que vivemos
Neste
hemisfério de condores obscenos
Palavra
livre nas gargantas dos cantores
Tuas
guitarras não têm marcas nem senhores
Caminho
largo onde habita luz e sombra
Com
seus fantasmas tresnoitando velhas rondas
Caudal
de som que leva o som de cada verso
Para
cantar nosso lugar neste universo...
Martim
César
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