Relógios
invisíveis
Se
passa o tempo e nós nunca o vemos
E
se cada dia ele passa mais veloz
E
se ao passar nem sequer o percebemos
Que
tempo ainda será que temos nós?
Se
ontem a nossa casa era imensa
Ou
nós é que éramos tão pequenos
Será,
talvez, por que há uma diferença
Do
tempo depois que, enfim, crescemos
As
pessoas vão sumindo do meu bairro
As
velhas fotos cada vez são mais antigas
Mas,
então, onde ficarão tantos abraços
Ainda
não dados e abertos na partida?
São
relógios invisíveis como garras
Que,
ás vezes, se revelam nos espelhos
Nas
rugas... cicatrizes de navalhas
Que
nos cortam, dia e noite, sem sabermos
São
relógios invisíveis como flechas
Das
quais nós jamais estamos salvos
As
mãos do arqueiro nunca erram
Cedo
ou tarde, afinal, chegam ao alvo
Se
passa o tempo e nós só o pressentimos
Feito
um rio a seguir correndo sempre
Se
há um mar que somente intuímos
Que
tempo ainda é que temos pela frente?
Não
mais que ontem o futuro só existia
Num
lugar que sempre estava muito além
Como
foi, então, que chegamos a esse dia
Que,
por ironia, é passado hoje também?
Martim
César
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