No
rumo das boleadeiras
Foi
quando a pedra da lua lançou-se da boleadeira
Primeiro
partiu-se em duas, depois em três... virou poeira
Cá
em baixo os olhos dos índios viram surgir as estrelas
Depois
chegaram os brancos e ninguém mais
pode vê-las
Mescla
de sangues e raças, tempos que o tempo esqueceu
Degolas,
flechas e adagas.../ mundo esquecido por Deus
Foi
quando o claro dos rios tingiu-se em rubro sol-pôr
Mormaço,
noites de frio... o sangue a mostrar sua cor
O
sal, o suor e o charque, brotando das mãos escravas
A
dor parindo o amanhã de um sol que nunca chegava
O
cantochão das senzalas,/ o mal que não tem
nem nome
A
cor escura ou a clara/ ditando a sina dos homens...
Foi
quando dessas três pedras nasceu um caminho novo
Brotou
do ventre da terra e se fez semente de um povo
A
lança então foi fuzil... que se fez arado e canção...
E
que hoje eu trago no sangue jorrando na imensidão.
O
rumo que – enfim - nascia/ das pedras no céu azul
É
o laço das Três Marias/ rondando as noites do Sul.
Martim
César Gonçalves
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