Olhos
do Pampa
Nas
noites claras do Pampa, bem acima dos galpões
Há
olhos que nos vigiam e são mais que apenas clarões
São,
talvez, visões de um tempo vindo de outras gerações
Dos
que escreveram a história que hoje eu trago comigo
Responso,
sangue e memória - razões dos rumos que eu sigo.
Pois
somos o elo da corrente que chega desde o passado
Guardiões
de velhas taperas, cuidando o solo sagrado
Nas
veias trazendo a seiva e o gosto do mate amargo
Um
rio antigo que nos une já desde a ronda primeira
Quando
não havia alambrados, nem países, nem fronteiras.
Por
isso ao cair da noite... bombeando a luz das estrelas
Me
pego cismando, às vezes, que todo gaúcho ao vê-las
Enxerga
o lume de um tempo que se timbrou no seu peito
Outras
eras... outra idade que moldou pra sempre seu jeito
Pois
foi ao redor dos fogões que nasceu a nossa identidade!
Cada
fogueira do Pampa com sua misteriosa claridade
Alumiou
a tez desses homens que há muito já não estão
Mas
que forjaram essa pátria que trago em cada canção
Lugar
onde sei que um dia também teria minha campa
Sob
o clarão das estrelas... os sagrados olhos do Pampa!
Martim
César
Nenhum comentário:
Postar um comentário