Pequeno
sol
A
aranha tece a teia
Onde
se enleia
A
nossa solidão
No
fio dessa meada
A
vida mais cuidada
Perde
a direção
No
relógio cai a areia
E
gota a gota a veia
Resseca
o coração
É
quando um grande amor
Nos
mostra além da flor
A
sede dos espinhos
Quando
se perde o passo
E
surge o descompasso
No
meio do caminho
É
quando o sangue é sangue
E
a taça dos amantes
Não
tem gosto de vinho
É
quando uma saudade
A
casa nos invade
Sem
ter permissão
Que
afloram os sentidos
E
navegamos perdidos
Na
imensa escuridão
É
na gota desse instante
No
mar desse momento
Na
teia desse tempo
No
deserto desse chão
Que
surge como um sol
Na
forma de um farol
E
nos salva do naufrágio
A
luz de uma canção.
Martim
César
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