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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Aldyr Schlee, Dom Quixote, Sancho Pança, Paulo Timm e eu no FALA - Feira Alternativa em Jaguarão

Sexta Feira - 18 h - Biblioteca pública

Lançamento do livro - Contos da vida difícil - Aldyr Schlee

Esquete Dom Quixote de la Mancha

Músicas - Milonga por Don Sejanes e A viúva de Quinteros (Martim César/Paulo Timm)


A viúva de Quinteros

Ninguém sabe o paradeiro
Da viúva de Quinteros
Que se foi sem deixar rastros
Que partiu pra nunca mais...

Restou um rancho deserto
Olhando pra o campo aberto
E já esquecido por Deus
E mil causos na memória
Que tentam contar a história
Como de fato ocorreu

Mas ao certo ninguém sabe
Qual o seu fim ninguém responde
Se morreu, cadê o corpo?
Se partiu, se foi pra onde?

Viu seu marido e seu filho
Partirem na leva um dia...
Mas por que não retornaram
Se tantos sobreviveram?
Onde estão os prisioneiros
Da batalha de Quinteros?

As mulheres que ficaram
Não tinham lenço ou bandeira
Mas muito mais que seus homens
De muitas mortes morreram

Na ponta rubra da lança
Uma tesoura de esquila
Adorna o peito sangrado
De outro Blanco assassinado
E junto ao corpo estendido
Sempre um lenço colorado...

O mesmo lenço encarnado
Que se extraviou em Quinteros
E que reclama em silêncio
A morte dos prisioneiros

Morreram muitos depois
E todos de igual maneira
E viram um lenço rubro
Ao lado da esquiladeira
E – sempre - em seus enterros
A mesma mulher de negro



(Baseado no texto de Aldyr Schlee) Martim César

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Morreu num domingo de páscoa, e tinha como cem anos... (texto de Dom Sejanes - Aldyr Schlee)


Milonga por Don Sejanes

Dom Sejanes, Fronteiriço
Senhor de uma terra só
Pois nunca se repartiram
Os rios, a lua e o sol

Caudilhos de três bandeiras
Rivera, Bento, Lavalle
Le respeitavam a maneira
Pero ainda mais a coragem

Ao certo nunca se soube
Qual seu pago verdadeiro
Para alguns era uruguayo
Para outros... brasileiro

Mas, talvez, nenhum dos dois
( Nos diria a sua parteira )
Pois quem nasceu doble chapa
Só tem por pátria a fronteira!

Dom Sejanes tão somente
Que o 'Dom' ganhou por respeito
Por ser na alma valente
Por ser sincero no jeito

Por andar sempre liberto
Jamais gostou de alambrados
Se o pampa era o campo aberto
Por que viver embretado?

Morreu num domingo de Páscoa
- E tinha como cem anos -
Esteio altivo da raça
Que forjou meu solo pampeano

A terra que hoje lhe guarda
Sob uma cruz de madeira
Bem sabe que um doble chapa
Só tem por pátria a fronteira!

(Baseado na obra imortal do escritor Aldyr Schlee) – Martim César 

Poema musicado por paulo Timm e cantado no lançamento do livro Contos da vida difícil, do referido escritor

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Eu sou é eu mesmo. Diverjo de todo o mundo… Eu quase que nada não sei. Mas desconfio de muita coisa.” Guimarães Rosa in Grande Sertão Veredas





Cantigas de Rodamundo

Eu vim aqui rodando o mundo de meu deus
De muito longe, pés na areia, seu doutor
Trazendo a voz (que não me falte logo agora)
Para cantar sobre os espinhos de uma flor

Eu tenho tanto pra contar desses caminhos
Pois esses olhos que a terra há de comer
Já viram gente que avoava sem ter asas
Já viram coisas que o mais crente não vai crer

Sou Rodamundo, sim senhor, sou Rodamundo
De toda história deste chão sou contador
Todo esse tempo eu carrego num segundo
Mas me escute com paciência, sim senhor

Lembro um messias que pregava no sertão
E os milhares que seguiram seus conselhos
Que preferiram mesmo a morte à escravidão
Morrer de pé do que viver sempre de joelhos

Eu vi um vaqueiro que perdeu-se nas veredas
E um outro mais que se chamou Diadorim
E essa história de um Brasil quase esquecido
Mas que lateja em nosso sangue mesmo assim

Sou Rodamundo, sim senhor, sou Rodamundo
De toda história deste chão sou contador
Todo esse tempo eu carrego num segundo
Mas me escute com paciência, sim senhor

Bebi das fontes que brotaram de Ana Terra
Em um continente que lutou anos a fio
O tempo e o vento já apagaram tantas guerras
Mas um Fandango há de lembrá-las, tendo frio

Ouvi um Sepé dizer que a terra tinha dono
E vi Blau Nunes desafiando a Teiniaguá
E outros causos que só os avós sabiam bem
Mas que este tempo não tem tempo de escutar...



Martim César

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Parceria com um grande amigo de letras e utopias



Pelos pés do Curupira


I
Toda história tem um fim
Mas este fim é o começo
Para que te percas no enredo,
E caias nalgum tropeço
Enquanto olhas meus pés
Caminhando ao avesso.

II
Eu moro numa floresta
Onde há versos populares
Nos alfabetos caboclos
Nos saberes milenares
Dos Anônimos cantadores
Sou mais um entre milhares.

III
Cada um no seu papel
Cada um no seu lugar
Patativa num cordel
Jaime Caetano a payar
Todos eles suas aldeias
Universais a cantar.

IV
Vá embora mercador
Não cace nesse lugar
Madeira dessa floresta
Só de velha vai tombar
Guarde suas trinta moedas
Não está a venda meu cantar.

V
Meu canto não é novidade
É o de sempre que promovo,
O antigo que se renova
Na sábia boca do povo
Todo modismo envelhece
Mas meu canto segue novo.

VI
Cantar com voz de rebanho
É nunca ter canto algum
É um querendo ser todos
Todos querendo ser um
É ser só canto de outro
E seguir sendo nenhum.

VII
Agora tens o fio da meada
Pensas que vais me encontrar
Pegarás a trilha certa
Que eu fiz para te enganar
Que dará fora da mata
Que eu vivo pra cuidar.

VIII
Mas não esqueçam que poucos
Podem iludir muita gente
E o que nos vendem por arte
Pode ser artimanha somente
Dos que nos levam pra trás
Mesmo dizendo ir para frente

IX
Toda história tem começo
E eu a comecei pelo fim.
Meio verdade e mentira
Pois toda lenda é assim
Meu nome???... é CURUPIRA
E volto ao lugar de onde vim.


Maurício Raupp/Martim César




segunda-feira, 18 de novembro de 2013

A poesia não se descreve, se descobre. Manoel de Barros



A fortaleza

Era uma fortaleza inexpugnável.
Dizem os que a cercaram e ainda vivem,
Que durante tempos mais eternos que o próprio tempo,
Ela resistiu a todas as investidas.
Dizem, também, que os maiores cérebros da humanidade,
Através dos cálculos e das tecnologias mais avançadas,
Inventaram armas cada vez mais potentes e destrutivas,
E que, mesmo assim, nem canhões, nem mísseis,
Nem bombas infalíveis lançadas com precisão cirúrgica, Alcançaram destruir as suas muralhas defensivas.
Era uma fortaleza realmente inexpugnável,
Até o dia em que um louco que nada entendia de batalhas,
Nem de guerras, nem de cercos, nem de táticas militares,
E muito menos de complicadas estratégias de combate,
Inventou uma estranha arma
que chamou de poesia.
E, por primeira vez - e para sempre -,
Foi possível penetrar no quase inexpugnável
coração dos homens.



Martim César







quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Dia 16 - Sábado - Na Feira do Livro de Pelotas RS




18 horas - lançamento do Livro Sobre Amores e Outras Utopias

19 horas - Mesa redonda sobre a América Latina

Local - Mercado Público de Pelotas




21 horas - Sarau Poético na Biblioteca Pública de Pelotas