Poema no meio do mundo
Para
Enrique Bacci
Está
certo que a vida é uma sucessão
E
que virão os novos
- que já fomos um
dia –
Para nos substituir.
É a lei da vida.
Imutável em nossa mutação.
Mas não é justo
sairmos de cena
Enquanto ainda há
aplausos,
Mesmo que sejam
esparsos
E de lugares
distantes na plateia.
Pois eu te recordo,
Enrique,
Com tua voz suave de
metálicas sonoridades,
Com tua poesia de
infinitos transvias,
Todos partindo de
tua enigmática Paso de los Toros,
Cruzando sem
passaporte as fronteiras
De países e de
espíritos
Todos sedentos de
vida e de utopia.
Eu te recordo,
Enrique
Amigo de cafés
montevideanos
Onde nunca estivemos
juntos.
Mas onde, eu sei,
sempre estivemos
Conversando sobre a
magia das palavras,
Divagando sobre
Quixotes e amores felinianos,
Perdidos – eles e
nós – no meio do mundo
Em Midland,
Enrique... em Midland.
Martim César
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