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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Él que se larga a los gritos no escucha su propio canto. Atahualpa Yupanqui




Lá no lugar de onde eu venho


Meu canto é pouco e pequeno
Mas eu com ele me basto
Prefiro esse andar sereno
Que correr sem deixar rastro

Procuro ser rio profundo
Gravar no tempo o meu passo
Pois bem sei que neste mundo
Pra todos existe espaço

Lá no lugar de onde eu venho
Toda canção é um caminho
Uma flor que oferecemos
Como quem faz um carinho

Canto assim e me mantenho
Pois essa é a minha verdade
Lá no lugar de onde eu venho
Chamam sensibilidade

Nessa trilha me garanto
A voz é o pouco que eu tenho...
Mas sabem das coisas que eu canto
Lá no lugar de onde eu venho

Não canto quebrando louça
Não grito estufando o peito
Não adianta ter muita força
Quando se tem pouco jeito

De um mestre aprendi o dito
- Semente que hoje eu planto:
Os que se largam aos gritos
Não escutam seu próprio canto’

Martim César






terça-feira, 4 de outubro de 2011

A vida é um violão ponteando o sol... além de nós... Mauro Moraes




A insistência da sombra


De manhã uma sombra comprida
Aponta ao poente incerto
Do lado de cá está a vida
A infância de olhos abertos

Sobe o sol... é o seu destino
-E já ilumina toda a cena -
Embaixo cresce o menino...
Mas sua sombra se apequena!

Quando chega o meio dia
A sombra desaparece
E a vida é toda energia
O sol dos sóis nos aquece

Nesse momento tão louco
Vivemos sempre apurados
Nem percebemos que aos poucos
A sombra mudou de lado

Enquanto o sol ainda arde
Em sua quase plenitude
Cresce a sombra pela tarde...
É tarde!... para a juventude!

No ocaso a sombra é comprida
E agora já é certo o poente
Atrás ficou toda a vida
Mas o que haverá pela frente?

O que esperará do outro lado?
Nunca há quem nos responda
E já parte o sol... derrotado...
Pela insistência da sombra!

Martim César