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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Para a amiga Eloísa Timm... uma mulher de fibra... e dessas necessita o mundo.




Diário de uma saudade

 

A mãe preparava o pão
Naquelas manhãs de antes
Enquanto o pai pelo rádio
Ouvia avisos distantes

A vida por sob a quincha
Corria sem muita pressa
Água fresca de cacimba 
largas vigílias na sesta

Embora em meio à pobreza
Nada faltava no rancho
Na frente a estrada infinda
Atrás os alheios campos

Cresci assim... pelas lonjuras
Vida de campo, lida e suor
Lume de velas na noite escura
Manhãs maduras de trigo e sol

Depois o tempo passou
- Estrada de uma só mão -
Calou-se o rádio do pai
A mãe já não fez mais pão

Hoje as horas são escassas
Nas urgências da cidade
E daquele rancho da infância
Só está de pé a saudade.


Martim César


segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Eu não consigo entender, achar a clara razão... de quem só vive pra ter e ainda se diz bom cristão. (Procissão dos retirantes)




Tempos e templos

Ó mãe...
Eu vi uma criança carregando outra
E juro não entendo tanta vida solta
É tanta religião e tá faltando Deus

Ó mãe...
Imaginei a vida um pouco diferente
A gente era, enfim, igual a toda gente
A fome uma palavra que o mundo esqueceu.

Ó mãe...

Me explica o que não cabe no meu pensamento
Pessoas mais pessoas rezando nos templos
Mas fora, na calçada, lavam suas mãos.

Ó mãe...
Eu sei que talvez seja só um desvario 
Mas já não me emocionam discursos vazios... 
Que mostrem em seus atos se são mesmo cristãos

Ó mãe...

Não venham que é mais fácil seguir a corrente
Por algo o ser humano tem na sua mente
A força de escolher o destino a seguir.

Ó mãe...

Despertar não é o mesmo que estar desperto
Há tantos que não vêem de olhos abertos
Que pode somar mais quem sabe dividir.


Ó mãe...
Eu vi uma criança carregando outra
E juro não entendo tanta vida solta
É tanta religião e tá faltando Deus”

Martim César







sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. Vinícius de Moraes






Por cinco minutos

Por cinco minutos perdeu-se um amor
A semente na flor já não se abrirá
A menina com pressa que chega ao encontro
O menino que pronto também chegará...

Um amor represado em mil horas de espera
Em miradas furtivas em meio aos demais
Que, assim, deixará de saber-se quimera
Nessas almas em guerra que, enfim, terão paz

Que um pro outro nasceram e, assim, viveriam
Que seriam felizes... não há quem duvide!
Até mesmo os anjos desde há muito sabiam
Testemunhas que eram desse amor tão sublime

Mas não é que o cupido nesse dia adormece...
(o destino tem manhas que ninguém sabe ao certo)
Os arcanjos não vêem - mesmo Deus não percebe -
E se fazem distantes os que estiveram tão perto

- Ele jamais descobriu o quanto ela esperou -
- Ela jamais entendeu do seu atraso a razão -
E por cinco minutos perdeu-se um amor
Quase os mesmos minutos... desta canção!!!


Martim César

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Música vencedora do Reponte de São Lourenço do Sul








Al Sur tu purajhei

(Al paisano del acordeón)


En un boliche de pueblo
Entre grapa y cigarrillo
Un criollo entona coplas
En un acordeón muy sencillo

Paisano llaman al hombre
El apellido es cualquiera
¿Y pa’ que necesita un nombre
Quien nació como las fieras?

Canta nomás como un zorzal
Al amanecer 
Hay en tu voz llovizna y sol
Espina y miel
En tu acordeón sueña el amor
Nostalgia y fe
En sombra y luz sembrando al Sur
Tu purajhey

Suena bajito un chamame
Casi ni llega a escucharse
Después despierta y se viene
Como ñandú por los valles

Son los cantores puebleros
Mezclas de voz y silencio
Que si poco tienen afuera
Tienen un mundo en sus adentros


Martim César (melodia: Aluísio Rockembach)

(Purajhei - canción  - idioma guarani) 

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Para um outro 11 de Setembro: 'Se abrirão as grandes alamedas, antes cedo do que tarde... (Salvador Allende)







Canto al General

Desde a minha casa, Neruda
Não tão terrestre e marinha
Não tão íntima e universal quanto a tua
Eu te escrevo.

Muitos anos já escorreram
Rápidos
como esses violentos rios
da tua cordilheira poética.
Muito tempo para os relógios humanos
Mas quase nada
ou nada para o eterno tempo da poesia.

Estás vivo!
Mais do que eu, hermano mío!
Mais do que eu!
E seguirás vivo bem depois
que os meus minutos já não forem contados.

Mas eu não quero te fazer uma homenagem.
As homenagens, os louvores, as elegias
não te valeriam de muito.
E sempre te valeram mais os olhares do povo.
As mãos calosas da tua gente,
que são como pedras brutas tiradas
de todas as minas do mundo,
de todos os calabouços terrestres
de todos os subterrâneos úmidos e escuros
do planeta.

Sempre te valeram mais
as portas abertas daqueles que te acolheram
como um a mais em suas famílias.
dividindo os seus cotidianos de luta por dignidade
por um sonho ou pelo prato da próxima refeição.

Por isso não venho te reverenciar
Jamais te colocaste em um altar!
Tua poesia foi escrita em papéis de enrolar pão
Em jornais escritos sob a artilharia do inimigo
(eternos inimigos da tua poesia libertária
da tua poesia humana. Igualitária)
Tua poesia foi lida nas trincheiras. No front.
E falava de paz
Tua poesia alimentou muitas utopias
em tua frágil Espanha.
em teu traído Chile
Foi a arma indelével dos que enfrentaram tanques e canhões
Guernica ardia sob os aviões de Hitler.
Santiago ardia sobre os canhões entreguistas.
A democracia do mundo ardia sob as hostes de Franco.
Mas tua poesia ardia também.
Estrela del Sur.
De los mares del Sur.
Tua poesia ardia aquecendo os corações de cada Quixote.
Fosse ele um Lorca, um Víctor Jara
ou um soldado desconhecido.
Não foi por acaso que um livro teu
estava nas mãos de um cristo latino-americano
que encontrou a sua cruz nas selvas bolivianas.
Foste a poesia operária de um século.
E a poesia de amor.
E a poesia de sol.
E a poesia de pedra.
E a poesia de mar.
(La tierra se llamó Juan).
De um século que sonhou que o homem não mais seria
o predador do homem.
Um século que sonhou que a luz chegaria abrindo as janelas
de todos os porões do mundo.






E ainda que tantas vezes massacrada, destroçada, metralhada,
a tua poesia se levantou, como as flores de cada primavera.
Pois sabemos que podem fuzilar os poetas,
mas a poesia não se cala.
Bebe do próprio sangue e o transforma em vinho e néctar para que outros poetas se embriaguem com a beleza do mundo.

Tu sabes também, Federico, tu bem sabes do que escrevo.
A vida se esvai, a poesia não.
E passam tenentes e capitães
E passam coronéis e generais
Passam que passam
Rumo às barricadas da República espanhola.
E passam tanques e aviões
E passam traidores vestidos de patriotas
Passam que passam
Rumo ao palácio de La Moneda.
E passam marionetes gritando liberdade
E, desde as torres do mundo, esfregam as mãos
Os vendedores de pátrias repetindo para suas almas: liberdade!
Liberdade,sim... mas de mercado.
E passam anos, governos, décadas, revoluções...
Passam que passam
Mas a tua poesia não passa. Perdura.
Morre e renasce em cada sonhador.
A tua poesia que é a irmã daquelas que engendraram Alberti, Machado, Lorca, Guillén, Maiakovski, Benedetti e tantos outros.
A poesia de Cervantes. Do Quixote, mais real que todos nós.
Ou a de Allende, que é o mesmo que dizer Quixote.
Ou a do mais humilde mineiro do teu Chile.
Ou a do mais pobre camponês da mais pobre
região da Terra.




Eis o teu legado, Neruda.
Já não se encantarão meus olhos com os sonhos que perdi.
Mas meus olhos sempre se encantarão com os versos que deixaste.
Teus versos de capitão de navios utópicos.
Como aquele legendário Winnipeg que zarpou rumo ao sul
para salvar tantas vidas ameaçadas pelo fascismo.
Minha canção não é desesperada. Devia ser, mas não é.
Outro século nasceu e os mesmos inimigos do homem seguem nos seus papéis de predadores.
Explorando para acumularem o que não poderão gastar em mil vidas terrestres.
E ainda que se utilizem de novas táticas para conseguirem velhos privilégios, são os mesmos de sempre.
Estão aí.
Mas não posso me desesperar.
Descobri que a tua poesia nos redime.
Nela a integridade de um ser humano vence a eterna batalha entre a luz e a escuridão.
Nela descobri que apenas uma luz (uma só!) pode acabar com um espaço quase infinito de escuridão.
E esse é, talvez, o segredo de cada estrela em nosso firmamento.
O segredo que sempre persegui desde que ainda criança,
comecei a olhar para o céu e questionar...
A me questionar.

Vives, Neruda, vives!
Em teus livros.
Em tuas casas tão plenas de ti.
Em teus poetas seguidores
No sonho de cada camponês la tierra se llama Juan.
Nuestra terra, amigo.
Em cada pedra dessa cordilheira está o idioma do teu Canto General.
Guardado pelos séculos dos séculos.
Até o último homem se petrificar também.



E com ele estará a tua poesia infinita.
E se um dia, em um futuro impensável, ele retornar à vida
O idioma que falará será o nerudiano.
Posto que é o que contém todos os materiais deste planeta.

Vives!
E eu, neste instante que escrevo, ainda vivo aqui,
compreendo que estarei em breve muito menos
vivo do que tu.
Mas que importa? Vives. E isso me reconforta.
Pois em ti viverei também.
Em tua poesia que é um oceano que irriga
o pequeno rio de versos que construo.
Mas que sabe do teu imenso caudal.
E sabe, também por ti, vencer as represas deste mundo.
Por isso eu, vivo aqui, diante do teu imenso rastro de luz,
venho saudar-te, hermano mío.
Levanto a minha copa e celebro à tua poesia...
Ou celebro apenas à poesia!
Que sabemos, cá entre nós, é exatamente o mesmo
que dizer
Neruda.
Martim César

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

O que nos espera, amada minha, atrás da porta... dessa casa em escombros que é a vida?




Esquinas e porões


Eu carrego tantos fantasmas em mim
Que às vezes penso que com eles vou voar
Igual à planta arrancada da raiz
Que vai na enchente, rio abaixo, até o mar

Em velhas casas onde partes do que eu fui
Estão dormindo em porões abandonados
Resiste um tempo que a vida não dilui
Brinquedos rotos, velhos quadros empoeirados...

E às vezes me pergunto, meu amor...
Quanto de mim já se cansou de tanto andar?
Quantos pedaços já deixei pelo caminho?
Quanto oceano ainda há por navegar?

Mas não tenho respostas, meu amor...
Já nem recordo como era antes meu olhar
Em meio a tantos sigo às vezes tão sozinho
Se me perdi de tanto em vão me procurar...

Buscando algo que nem mesmo eu sei bem
Que sempre está noutro lugar bem mais além...

Quem sabe estejas me esperando atrás da esquina
E sejas em mim o céu, enfim, que me redima???!

Martim César








sexta-feira, 9 de setembro de 2011

O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo... Mario Quintana



Ficheiro:Elderlyspinnera.jpg

As mãos da fiandeira


As mãos da fiandeira têm segredos
Que se desvendam no galope dos seus dedos
No chão das linhas que registram esse tempo
Que o próprio tempo extraviou pelas distâncias...

Se embala nesse quadro de recuerdos
Uma vó que desfiava seus novelos
Com sua roca pedalando desde cedo
Pelas manhãs da casa grande de uma estância

Fia fiando a fiandeira recordando
Os velhos dias que a vida foi deixando
Entre essas linhas que se formam no olhar

Roda rodando vai na roca uma saudade
Que vai brotando no nascer de cada imagem
De um velho tempo que não pode mais voltar

As mãos da fiandeira tecem rumos
Nas lãs que deixam rastros nesse mundo
À luz de velas alumiando um tempo escuro
De uma era que se foi pra nunca mais

Sob essas mãos renasce a vida das taperas
Velhos rincões, lampiões, galpões... cercas de pedra
Veios de sangue no passar de tantas guerras
Para que um dia o sol, enfim, nascesse em paz!


Martim César

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Calça curta, pés descalços, e pra defender meu pago, uma espada de alecrim. Fui o leão do Caverá, fui feliz quando fui piá, tive um mundo só pra mim. (César Passarinho)





O cheiro da terra molhada

Sentou-se a poeira na estrada
Num vermelho de sol-pôr...
Há mil céus nas poças d'água
Depois que a chuva passou

O cheiro da terra molhada
Encheu o ar das distâncias
Trazendo antigos recuerdos
Dos dias claros da infância

Na velha estância da Armada
Em tardes iguais a esta
Depois que a chuva mermava
Pra piazada era festa

E não há lembrança mais linda
E nem quem pinte esse quadro
Da gurizada correndo
Pisando sóis pelos valos

São imagens que nos chegam
Depois da chuva inclemente
E que se vão na correnteza
Mas ficam em nós... para sempre!

No ciclo eterno das águas
Que encharcam poncho e chapéu
As mesmas que vêm ao chão
São as que se vão rumo ao céu

Porém a vida da gente
É estrada de um só sentido
Que nos leva sempre em frente
Até o final... já sabido!

E o cheiro da terra molhada
Que corta o tempo e a distância
É só um recuerdo e mais nada
Dos velhos dias da infância.

Martim César

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Levántate y mírate las manos para crecer, estréchala a tu hermano, juntos iremos unidos en la sangre, hoy es el tiempo que puede ser mañana. Víctor Jara













Homenagem a Víctor Jara, cantada pelo amigo Pedro Munhoz na Universidad de Chile, em um evento de 'recuerdo' a esse grande ícone da resistência e da cultura Latino Americana. (11 de setembro não foi somente o dia em que atacaram os EUA, também foi o dia em que os EUA atacaram uma democracia do Cone Sul. Como diz a Parodi e o León Gieco em suas letras: Pueden sacarnos todo, menos la memória).

Chacarera por Víctor Jara


'Yo soy cantor popular
Lo saben mis compañeros
No por popularidad
Y sí porque soy del pueblo'


Dijo la voz del imperio
¡Hágase la oscuridad
Que en Chile muera el sueño
De la igualdad!

Le contestó un cantor
No hay noche suficiente
Porque hoy está el sol
Adentro de la gente

Un poema en la frente
Por fusil una guitarra
Mi América insurgente
Dice Víctor Jara

Manos Americanas
Sangrando una canción 
Abriendo las ventanas  
De la liberación

Cantor de un continente
Que vibra en tus palabras
Y que al decir: ¡presente!
Dice Víctor Jara

El águila es un cuervo
Con niños en sus garras
Mata por tener miedo
De una guitarra

Que corten nuestras manos
Soñando darnos olvido
Sabrán tarde o temprano
Que estamos vivos

Sangre de nuestra gente
De Sandino y Che Guevara
La sangre de Allende
Dice Víctor Jara

Martim César/Pedro Munhoz


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Música vencedora do Levante da cidade do Capão do Leão






CORAZÓN DE CANTOR
(Xirú Antunes/Martim César/Paulo Timm)


Mi corazón de cantor,
Estrella de un cielo gris,
Es vida vertiendo sueños
Cantando pa' no morir.

Engualichao en mis coplas,
Voy haciendo mi camino,
Cruzando rumbos sin fin,
Cumpliendo con mi destino.

Aprisionado en mi alma,
Tengo un pájaro cantor
Duende de luna y guitarra,
Coplero trasnochador.

A veces en las tormentas,
O en medio a campos floridos,
Mi canto se oye en el viento,
Zorzal buscando su nido.

Si ayer canté por una pena
De un amor que se me fué,
Hoy yo canto por sus ojos
Que regresaron despúes.

Por el sol de las mañanas,
Recuerdos de la niñez,
Por el color de las tardes,
Yo canto pa' agradecer.

Las sombras que me habitam,
Soledades nocheras
Destino de cantar nubes
Bajo los cielos de estrellas.

(Postada a pedido do amigo Alan Otto)

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Enxada na terra alheia nunca traz dia melhor... Cenair Maicá






         Foi num desses dias...

Foi num desses dias em que tudo é cinza
Em que o céu da gente se vê mal e mal
Em que nuvens negras de repente choram
Quando em nossa alma brota um temporal...

Foi num desses dias em que varre o vento
Gotas que transpassam as frinchas dos galpões
Em que ruminamos recuerdos antigos
Em roda do fogo... batendo os tições...

Hay mucho que pensar – se dicen los paisanos
Pero entra y sale año y hay que trabajar
Hay que trabajar – me dicen mis hermanos
Y les contesto que es en vano si se hace sin pensar

Foi, talvez, cismando – por culpa do aguaceiro -
Quando as horas passam e o tempo não muda
Em que açoita a alma um desses sentimentos
Que só nos encontra... num dia de chuva!

Foi num desses dias de chuva constante
Fora e dentro d'alma, turvando as distâncias
Em que olhares tristes sonham ter um chão
Mas não vão além das cercas da estância...

Foi num dia desses que fiquei pensando
Que livre é aquele que colhe o que planta
Em searas alheias só há sonhos de barro
E quando a chuva chega tudo se desmancha

Maurício Raupp/Diego Müller/Martim César

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Soy bueno... e el buen sentido de la palabra bueno. Antonio Machado







Baixo-retrato

Com uma grande tendência ao fracasso
E ao suicídio - desde que seja por amor! -
Sempre enredado no seu próprio passo
Por não ter memória, um escrevinhador.

Esguio, melhor de pé do que de braço
No esporte quase um grande jogador
Pena o quase -um maldito descompasso
E o país perde outro moleque promissor!

Apaixonado pela noite e o submundo
E pelos tortos que habitam esse chão
Se pudesse de profissão um vagabundo...

Um Bocage ou qualquer doido de plantão
Mesa em mesa resolvendo a dor do mundo
Ao módico preço do seu próprio coração.

Martim César