Dos dias que não vivemos
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Como me buscam hoje os dias que não vivemos
As horas que não tivemos e não teremos jamais
As tardes não compartidas às margens calmas do rio
Ou num lugar só pra dois, na areia diante do mar
Como me encontram hoje a voz de certas canções
O sol de antigos verões que ainda guardo no olhar
E o teu sorriso de aurora que insiste dentro de mim
Como se pudesse assim já nunca mais se apagar
Nunca te esqueças, meu amor, nunca te esqueças
Ainda que lembrares, muitas vezes já não possas
De um sol de inverno que ainda resiste nos poemas
E daquelas tardes que para sempre serão nossas
Nunca te esqueças, por favor, nunca te esqueças
Que fomos muito, e que feito crianças aprendemos
E que hoje só sentimos - já distante o nosso tempo -
A saudade dos dias, meu amor... que não vivemos!
Martim César
www.martimcesar.com.br
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
quarta-feira, 29 de setembro de 2010
Mas onde se deve procurar a liberdade é nos sentimentos. Esses é que são a essência viva da alma. J. Goethe
Duas aves brancas
Duas aves brancas
Fugindo do frio
Cortam a distancia
Das águas do rio
E não há fronteiras
Para o seu voar
O céu não tem dono
Nem nunca terá
Cá embaixo os homens
Erguem suas grades
Quanto mais concreto
Menos liberdade
Correm contra o tempo
Querem sempre mais
Mas suas riquezas
Não compram a paz
Duas aves brancas
No azul do céu
Não pedem permiso
Vivem sem papel
Se um homem fosse
Toda a humanidade
Só assim seria
Igual a essas aves!!!
Duas aves brancas
Fugindo do frio
Cortam a distancia
Das águas do rio
E não há fronteiras
Para o seu voar
O céu não tem dono
Nem nunca terá
Cá embaixo os homens
Erguem suas grades
Quanto mais concreto
Menos liberdade
Correm contra o tempo
Querem sempre mais
Mas suas riquezas
Não compram a paz
Duas aves brancas
No azul do céu
Não pedem permiso
Vivem sem papel
Se um homem fosse
Toda a humanidade
Só assim seria
Igual a essas aves!!!
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Aprende, como uma das tuas primeiras obrigações, a dominar-te a ti mesmo." Pitágoras
O poeta e a folha vazia
Mais vale o silêncio triste
De uma dolente melodia
Que esse duelo que existe:
Do poeta e a folha vazia
A alma busca a palavra
Enquanto o segundo escoa
Porém a mente é escrava
Da asa que já não voa
E não existe agonia breve
Na solidão dessa arena
Se o que falta a quem escreve
Não é o tinteiro ou a pena
Pois nessa guerra interior
Sem testemunha ou lamento
O homem esconde a dor
Que lhe devora por dentro
Em frente à folha vazia
(Como um cantor já sem voz)
Compreende - por ironia -
É ele o seu próprio algoz
A porta que leva à entrada
Jamais conduz à saída
Pois onde o rio serpenteava
Restou um deserto sem vida
A flecha outrora certeira
Não mais encontra o alvo
Se quem naufraga é o poema
Como o poeta ser salvo?
Martim César
Mais vale o silêncio triste
De uma dolente melodia
Que esse duelo que existe:
Do poeta e a folha vazia
A alma busca a palavra
Enquanto o segundo escoa
Porém a mente é escrava
Da asa que já não voa
E não existe agonia breve
Na solidão dessa arena
Se o que falta a quem escreve
Não é o tinteiro ou a pena
Pois nessa guerra interior
Sem testemunha ou lamento
O homem esconde a dor
Que lhe devora por dentro
Em frente à folha vazia
(Como um cantor já sem voz)
Compreende - por ironia -
É ele o seu próprio algoz
A porta que leva à entrada
Jamais conduz à saída
Pois onde o rio serpenteava
Restou um deserto sem vida
A flecha outrora certeira
Não mais encontra o alvo
Se quem naufraga é o poema
Como o poeta ser salvo?
Martim César
sábado, 25 de setembro de 2010
Gota de orvalho na coroa dum lírio: jóia do tempo! Érico Veríssimo
As linhas do tempo
As mãos da tecelã forjam o tempo
A roca das manhãs em movimento
Na reta dessas lãs, rumos no vento
Província de São Pedro, o continente
Pedala nos atalhos da lembrança
No casario antigo de uma estância
A avó que embalou a minha infância
E um mundo que se foi já para sempre
Fia fiando a fiandeira nessa imagem
De Bibiana relembrando com saudade
O Capitão que nunca mais irá voltar
Roda rodando vai a roca enovelando
Os dias que são quadros de recuerdos
Que o tempo e o vento já não podem apagar
As mãos da tecelã ditam canções
Mulheres que se foram, gerações
Distintas vidas e as mesmas ilusões
Que seus homens não pereçam noutra guerra
Ficaram elas a alumiar noites escuras
Com suas linhas, seus teares, benzeduras
Com seus filhos, suas rocas, com suas juras
Para que os homens tenham paz sobre esta terra!
Martim César
As mãos da tecelã forjam o tempo
A roca das manhãs em movimento
Na reta dessas lãs, rumos no vento
Província de São Pedro, o continente
Pedala nos atalhos da lembrança
No casario antigo de uma estância
A avó que embalou a minha infância
E um mundo que se foi já para sempre
Fia fiando a fiandeira nessa imagem
De Bibiana relembrando com saudade
O Capitão que nunca mais irá voltar
Roda rodando vai a roca enovelando
Os dias que são quadros de recuerdos
Que o tempo e o vento já não podem apagar
As mãos da tecelã ditam canções
Mulheres que se foram, gerações
Distintas vidas e as mesmas ilusões
Que seus homens não pereçam noutra guerra
Ficaram elas a alumiar noites escuras
Com suas linhas, seus teares, benzeduras
Com seus filhos, suas rocas, com suas juras
Para que os homens tenham paz sobre esta terra!
Martim César
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Quando amas alguém e sabes que ele está pronto para aprender e crescer, tu o deixas em liberdade. Richard Bach
Pondo de lado
Pondo de lado tantos dias mortos,
Tantos fantasmas que ainda vagam pela casa,
Tantos papéis amarelados que restam de nós dois...
Pondo de lado tantas horas gastas,
Tantas fotografias vegetando nas gavetas,
Tantos momentos empoeirados...
Pondo de lado o que fomos e o que não pudemos ser,
Somos estes que continuam caminhando
Um pouco mais cansados, um pouco mais serenos.
Menos revoltosos ante os obstáculos,
Menos sonhadores ante os desafios.
Somos estes que navegam seus destinos
Buscando achar o norte sem desesperar-se
A cada nuvem que ameaça no horizonte
Ou ao ver que a nossa bússola
há muito tempo enlouqueceu.
Martim César
Pondo de lado tantos dias mortos,
Tantos fantasmas que ainda vagam pela casa,
Tantos papéis amarelados que restam de nós dois...
Pondo de lado tantas horas gastas,
Tantas fotografias vegetando nas gavetas,
Tantos momentos empoeirados...
Pondo de lado o que fomos e o que não pudemos ser,
Somos estes que continuam caminhando
Um pouco mais cansados, um pouco mais serenos.
Menos revoltosos ante os obstáculos,
Menos sonhadores ante os desafios.
Somos estes que navegam seus destinos
Buscando achar o norte sem desesperar-se
A cada nuvem que ameaça no horizonte
Ou ao ver que a nossa bússola
há muito tempo enlouqueceu.
Martim César
quinta-feira, 23 de setembro de 2010
Todo segredo da alma de um escritor, toda a experiência de sua vida, toda a qualidade de sua mente está melhor escrita em seus trabalhos.Virgina Woolf
A chave
Disse um amigo
Em noite de filosofia borgiana
Entre copos repletos de ausência:
“Temos a chave, mas onde estará a porta?”
Pensei em algo inquietante:
E se a chave abrisse a porta de uma casa
Em uma cidade qualquer?
Que misterioso mundo haveria
Do outro lado?
Que vida não vivida
Eu deixei nesse lugar?
De repente eu estava caminhando
Em direção a esse destino incerto.
Vislumbrei a rua, a quadra, a casa...
A desafiante porta. A fechadura.
O garçom me perguntou algo.
Não entendi. Mais uma?
Ah! Sim...
Olhei para as minhas mãos vazias.
Diacho!
Havia jogado a chave fora.
Martim César
Disse um amigo
Em noite de filosofia borgiana
Entre copos repletos de ausência:
“Temos a chave, mas onde estará a porta?”
Pensei em algo inquietante:
E se a chave abrisse a porta de uma casa
Em uma cidade qualquer?
Que misterioso mundo haveria
Do outro lado?
Que vida não vivida
Eu deixei nesse lugar?
De repente eu estava caminhando
Em direção a esse destino incerto.
Vislumbrei a rua, a quadra, a casa...
A desafiante porta. A fechadura.
O garçom me perguntou algo.
Não entendi. Mais uma?
Ah! Sim...
Olhei para as minhas mãos vazias.
Diacho!
Havia jogado a chave fora.
Martim César
quarta-feira, 22 de setembro de 2010
A pesar del tiempo,mi sed de amor no tiene fin;con el cabello gris me acerco a los rosales del jardín.Juventud,divino tesoro,ya te vas para no volver.
Ruben Darío
La lluvia no viene sola
La lluvia hace ríos en mi ventana
Y anochece la mañana
Que había en mi mirar
Y me trae desde muy lejos
viejas imágenes
Que me hacen volver
A mi mundo de ayer
Que me hacen volar
Al rincón donde está
Jugando feliz mi niñez
Una casa vieja, un patio pequeño
Algunos gorriones, un gato y un perro
Todavía están en ese lugar
Un jardín florido y una voz que llama
El campito del barrio y una voz que llama
¡Niño! ¡Vuelve a tu hogar!
La lluvia ya se va, pero aún está aquí
Golpeando dentro de mí
Gotas de una extraña soledad
Y me trae desde muy lejos
viejas imágenes
Que me hacen volver
A mi mundo de ayer
Que me hacen volar
Al rincón donde está
Jugando feliz mi niñez
Un niño que corre alzando su cometa
Un caballo de palo y una bicicleta
Todavía están en ese lugar
El campito del barrio y una voz que llama
Aquel niño que un día se fue de casa
Y hoy ya no puede regresar!
La lluvia hace ríos en mi ventana
Y anochece la mañana
Que había en mi mirar
Y me trae desde muy lejos
viejas imágenes
Que me hacen volver
A mi mundo de ayer
Que me hacen volar
Al rincón donde está
Jugando feliz mi niñez
Una casa vieja, un patio pequeño
Algunos gorriones, un gato y un perro
Todavía están en ese lugar
Un jardín florido y una voz que llama
El campito del barrio y una voz que llama
¡Niño! ¡Vuelve a tu hogar!
La lluvia ya se va, pero aún está aquí
Golpeando dentro de mí
Gotas de una extraña soledad
Y me trae desde muy lejos
viejas imágenes
Que me hacen volver
A mi mundo de ayer
Que me hacen volar
Al rincón donde está
Jugando feliz mi niñez
Un niño que corre alzando su cometa
Un caballo de palo y una bicicleta
Todavía están en ese lugar
El campito del barrio y una voz que llama
Aquel niño que un día se fue de casa
Y hoy ya no puede regresar!
Martim César
terça-feira, 21 de setembro de 2010
Volverán las oscuras golondrinas en tu balcón sus nidos a colgar... pero aquellas que aprendieron nuestros nombres, esas... ¡no volverán! G.A.Becquer
Máscaras
O amor é um ator de muitas faces
Que não distingue dentre elas a real
Que de tanto encenar seus mil disfarces
Seu próprio rosto lhe parece artificial
Qual fosse um rei que a todos governasse
Ditando regras mais além do bem e do mal
O amor que morre é o mesmo amor que nasce
Muda o cenário mas o enredo é sempre igual
Quem intenta governá-lo seu escravo se revela
Quem o vê na liberdade se descobre em sua cela
Quem o quer sob seu jugo morrerá seu prisioneiro
E, no entanto, quem poderia evitar sua investida?
Se, afinal, é o amor qual um ator na própria vida:
Esconde a face... sob o seu rosto verdadeiro!
Martim César
O amor é um ator de muitas faces
Que não distingue dentre elas a real
Que de tanto encenar seus mil disfarces
Seu próprio rosto lhe parece artificial
Qual fosse um rei que a todos governasse
Ditando regras mais além do bem e do mal
O amor que morre é o mesmo amor que nasce
Muda o cenário mas o enredo é sempre igual
Quem intenta governá-lo seu escravo se revela
Quem o vê na liberdade se descobre em sua cela
Quem o quer sob seu jugo morrerá seu prisioneiro
E, no entanto, quem poderia evitar sua investida?
Se, afinal, é o amor qual um ator na própria vida:
Esconde a face... sob o seu rosto verdadeiro!
Martim César
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
O estudo da metafísica consiste em procurar, num quarto escuro, um gato preto que não está lá. Voltaire
O tempo
Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Com seus punhais afiados
Desfaz o fio dos novelos
Prende o lume, tece a rede
Nunca nos mostra seu jogo
Nos desertos traz a sede
No calor engendra o fogo
Faz ser vã toda a riqueza
Ninguém engana o destino
Só nos deixa uma certeza
A de que um dia partimos
Perecem nos nossos olhos
Palácios, terras e templos...
O homem faz os relógios
Mas jamais domina o tempo!
Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Deixa saudade nos quartos
Apaga o sol em silêncio
Corta o gume, tinge a cor
Bebe da uva o seu vinho
Do amor oferece a flor
Depois nos deixa os espinhos!
Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Com seus punhais afiados
Desfaz o fio dos novelos
Prende o lume, tece a rede
Nunca nos mostra seu jogo
Nos desertos traz a sede
No calor engendra o fogo
Faz ser vã toda a riqueza
Ninguém engana o destino
Só nos deixa uma certeza
A de que um dia partimos
Perecem nos nossos olhos
Palácios, terras e templos...
O homem faz os relógios
Mas jamais domina o tempo!
Dorme o tempo nos retratos
E desperta nos espelhos
Deixa saudade nos quartos
Apaga o sol em silêncio
Corta o gume, tinge a cor
Bebe da uva o seu vinho
Do amor oferece a flor
Depois nos deixa os espinhos!
Martim César
quinta-feira, 16 de setembro de 2010
quarta-feira, 15 de setembro de 2010
Maldigo la poesía concebida como un lujo cultural por los neutrales que, lavándose las manos, se desentienden y evaden. Gabriel Celaya
Foto: Alan Otto Redu
Tempos e templos
Ó mãe...
Eu vi uma criança carregando outra
E juro não entendo tanta vida solta
É tanta religião e tá faltando Deus
Ó mãe...
Imaginei a vida um pouco diferente
A gente era, enfim, igual a toda gente
A fome uma palavra que o mundo esqueceu.
Ó mãe...
Me explica o que não cabe no meu pensamento
Pessoas mais pessoas rezando nos templos
Mas fora, na calçada, lavam suas mãos.
Ó mãe...
Eu sei que talvez seja só um desvario
Mas já não me emocionam discursos vazios...
Ó mãe...
Eu vi uma criança carregando outra
E juro não entendo tanta vida solta
É tanta religião e tá faltando Deus
Ó mãe...
Imaginei a vida um pouco diferente
A gente era, enfim, igual a toda gente
A fome uma palavra que o mundo esqueceu.
Ó mãe...
Me explica o que não cabe no meu pensamento
Pessoas mais pessoas rezando nos templos
Mas fora, na calçada, lavam suas mãos.
Ó mãe...
Eu sei que talvez seja só um desvario
Mas já não me emocionam discursos vazios...
Que mostrem em seus atos se são mesmo cristãos!
Ó mãe...
Não venham que é mais fácil seguir a corrente
Por algo o ser humano tem na sua mente
A força de escolher o destino a seguir.
Ó mãe...
Despertar não é o mesmo que estar desperto!
Há tantos que não vêem de olhos abertos
Que pode somar mais quem sabe dividir.
“Ó mãe...
Eu vi uma criança carregando outra
E juro não entendo tanta vida solta
É tanta religião e tá faltando Deus”
Ó mãe...
Não venham que é mais fácil seguir a corrente
Por algo o ser humano tem na sua mente
A força de escolher o destino a seguir.
Ó mãe...
Despertar não é o mesmo que estar desperto!
Há tantos que não vêem de olhos abertos
Que pode somar mais quem sabe dividir.
“Ó mãe...
Eu vi uma criança carregando outra
E juro não entendo tanta vida solta
É tanta religião e tá faltando Deus”
Martim César
terça-feira, 14 de setembro de 2010
segunda-feira, 13 de setembro de 2010
Es tan corto el amor y tan largo el olvido. Pablo Neruda
Partilha
Fica
Esse pouco de tempo que resta
Essas taças lembrando da festa
Que um dia já foi nosso amor
Levo
Essa chama de vida tão frágil
Os destroços velando o naufrágio
Depois que a tormenta passou
Fica
Pelos cantos minha juventude
A incerteza de fazer o que pude
Que é bem menos do que merecias
Levo
Teu sorriso mais além dos retratos
Essa peça em seu último ato
Sem aplausos na sala vazia
Fica
Tanto tempo de chão partilhado
Tanto plano pra ser conquistado
E que aos poucos deixamos pra trás
Levo
A memória dos antigos abraços
O apoio comum nos percalços
O olhar cúmplice em meio aos demais
Mas não fica
O sol da alegria que eu tinha
Se tua mão se agarrasse na minha
Que isso eu quero pra sempre comigo
Mas não levo
Tuas palavras falando de adeus
Pois prefiro lembrar que eram meus
Teu olhar, tua voz, teu abrigo...
Mas não fica
Essa chuva que inundou as retinas
Por que a vida ao passar nos ensina
Que o sol há de sempre voltar
Mas não levo
Nada mais do que alguma saudade
E a certeza que às vezes me invade
Que era amor e eu não soube cuidar
Martim César
Fica
Esse pouco de tempo que resta
Essas taças lembrando da festa
Que um dia já foi nosso amor
Levo
Essa chama de vida tão frágil
Os destroços velando o naufrágio
Depois que a tormenta passou
Fica
Pelos cantos minha juventude
A incerteza de fazer o que pude
Que é bem menos do que merecias
Levo
Teu sorriso mais além dos retratos
Essa peça em seu último ato
Sem aplausos na sala vazia
Fica
Tanto tempo de chão partilhado
Tanto plano pra ser conquistado
E que aos poucos deixamos pra trás
Levo
A memória dos antigos abraços
O apoio comum nos percalços
O olhar cúmplice em meio aos demais
Mas não fica
O sol da alegria que eu tinha
Se tua mão se agarrasse na minha
Que isso eu quero pra sempre comigo
Mas não levo
Tuas palavras falando de adeus
Pois prefiro lembrar que eram meus
Teu olhar, tua voz, teu abrigo...
Mas não fica
Essa chuva que inundou as retinas
Por que a vida ao passar nos ensina
Que o sol há de sempre voltar
Mas não levo
Nada mais do que alguma saudade
E a certeza que às vezes me invade
Que era amor e eu não soube cuidar
Martim César
quarta-feira, 8 de setembro de 2010
Dos mil comerían por un año con lo que cuesta un minuto militar. Leon Gieco
As mãos deste país
Nessas mãos rudes do barro, calejadas da capina
Da colheita que ensina que o trabalho ainda compensa
Nessas mãos que cumprimentam com vigor a um companheiro
Na franqueza do obreiro que constrói o seu lugar
Nessas mãos duras da lida, preparando a vida
Sulcando lavouras...
Vai nascendo a semente que brotando gera
No ventre da terra a estação vindoura
Nessas mãos sangra o suor que enriquece o solo
Madurando o sol que ainda está por vir
Nessas mãos marcadas de lama e salitre
De sonhos rurais, de seiva e raiz...
É nessas mãos caladas, mãos abandonadas
Que germina a paz, pois nelas se faz
este meu país!
Nessas mãos quarteadas de enfrentar geadas
Brandindo a enxada, plantando o futuro
Nessas mãos sofridas, ilhadas, escondidas
Trabalhando quietas na imensidão...
É nessas mãos humildes dessa gente simples
Que ainda resiste a força do meu chão!
Martim César
Nessas mãos rudes do barro, calejadas da capina
Da colheita que ensina que o trabalho ainda compensa
Nessas mãos que cumprimentam com vigor a um companheiro
Na franqueza do obreiro que constrói o seu lugar
Nessas mãos duras da lida, preparando a vida
Sulcando lavouras...
Vai nascendo a semente que brotando gera
No ventre da terra a estação vindoura
Nessas mãos sangra o suor que enriquece o solo
Madurando o sol que ainda está por vir
Nessas mãos marcadas de lama e salitre
De sonhos rurais, de seiva e raiz...
É nessas mãos caladas, mãos abandonadas
Que germina a paz, pois nelas se faz
este meu país!
Nessas mãos quarteadas de enfrentar geadas
Brandindo a enxada, plantando o futuro
Nessas mãos sofridas, ilhadas, escondidas
Trabalhando quietas na imensidão...
É nessas mãos humildes dessa gente simples
Que ainda resiste a força do meu chão!
Martim César
segunda-feira, 6 de setembro de 2010
Para mim, a televisão é muito instrutiva. Quando alguém a liga, corro à estante e pego um bom livro. [ Groucho Marx ]
Da morte venho nascendo
Da morte venho nascendo
Cruzando a estrada do avesso
Feito quem vivesse o tempo
Desde o fim até o começo
E nessa estranha jornada
Caio do solo até o céu
A cabeça sob o sapato
Os pés calçando o chapéu
E se me chamam de louco
Por pensar viver assim
Eu sorrio e faço pouco
De quem faz pouco de mim
Da morte venho nascendo
Nadando contra a corrente
Como se pudesse o rio
Vir da foz até a nascente
Se ontem será meu futuro
Meu amanhã já passou
Então serei quem eu fui
Sabendo já quem eu sou
Velho, menino, ninguém
História escrita e apagada
Dentro do ventre e além
Tudo voltando a ser nada
Martim César
Da morte venho nascendo
Cruzando a estrada do avesso
Feito quem vivesse o tempo
Desde o fim até o começo
E nessa estranha jornada
Caio do solo até o céu
A cabeça sob o sapato
Os pés calçando o chapéu
E se me chamam de louco
Por pensar viver assim
Eu sorrio e faço pouco
De quem faz pouco de mim
Da morte venho nascendo
Nadando contra a corrente
Como se pudesse o rio
Vir da foz até a nascente
Se ontem será meu futuro
Meu amanhã já passou
Então serei quem eu fui
Sabendo já quem eu sou
Velho, menino, ninguém
História escrita e apagada
Dentro do ventre e além
Tudo voltando a ser nada
Martim César
sexta-feira, 3 de setembro de 2010
A vantagem de ter péssima memória é divertir-se muitas vezes com as mesmas coisas boas como se fosse a primeira vez. F. Nietzsche
Diálogo de surdos
E aí, rapaz? Há quanto tempo?
Tem muito vento... pode chover
Ah!Eu vou bem... sigo o meu rumo
Não... eu não fumo... mas agradeço
Meu endereço? Qualquer lugar...
Viver num bar... não é normal...
Vida social? Alguns amigos...
Corro perigo? Mas como assim?
Faz mal pra mim é o cotidiano
Engano mesmo é a má bebida
A minha vida é quase boa
Viver à toa é estar sozinho
Beber um vinho... filosofar...
Mas ter um lar não é ruím
Boêmio, sim... é o que me alegra
A minha regra é ser comum
Mas cada um sabe o que faz
Viver em paz é o que eu preciso
O paraíso?... já não existe!
Triste é não ter alguém por nós
Estamos sós...todos no mundo
Bem lá no fundo, me dás razão
O teu sermão guarda pros teus
Adeus...adeus... em boa hora
Pode ir embora com tua rotina
A vida ensina... é só escutar
A vida ensina... é só escutar
A vida ensina... é só escutar !!!
Martim César
E aí, rapaz? Há quanto tempo?
Tem muito vento... pode chover
Ah!Eu vou bem... sigo o meu rumo
Não... eu não fumo... mas agradeço
Meu endereço? Qualquer lugar...
Viver num bar... não é normal...
Vida social? Alguns amigos...
Corro perigo? Mas como assim?
Faz mal pra mim é o cotidiano
Engano mesmo é a má bebida
A minha vida é quase boa
Viver à toa é estar sozinho
Beber um vinho... filosofar...
Mas ter um lar não é ruím
Boêmio, sim... é o que me alegra
A minha regra é ser comum
Mas cada um sabe o que faz
Viver em paz é o que eu preciso
O paraíso?... já não existe!
Triste é não ter alguém por nós
Estamos sós...todos no mundo
Bem lá no fundo, me dás razão
O teu sermão guarda pros teus
Adeus...adeus... em boa hora
Pode ir embora com tua rotina
A vida ensina... é só escutar
A vida ensina... é só escutar
A vida ensina... é só escutar !!!
Martim César
quinta-feira, 2 de setembro de 2010
Escrevo o q sinto e assim diminuo a febre de sentir.O q confesso n tem importância,pois nada tem importância.Faço paisagens com o q sinto.F.Pessoa
Sobre os telhados de Lisboa
Sobre os telhados de Lisboa
Uma canção fala de amor
E eu – pequeno e sonhador –
Cismo que tenho dentro d’alma
Toda a beleza dessa calma
Que a tempestade me levou
Aqui o chão, mais além a imensidão
Aqui o cais, depois a glória ou nunca mais
A vela aberta, a sina incerta, o infindo mar
Enfim o aceno e o derradeiro navegar
Meu coração hoje é como um fado
E nem todo o azul do mar salgado
Me traz a luz dos olhos teus
Mistério de quem sente
- ( o que não sabe ) -
Que todo o oceano cabe
Numa lágrima de adeus
A nave-mestra deixa o cais
Com esse olhar de nunca mais
Que Portugal gravou em mim
Devo partir, içar as velas
Rumar ao porto de outras terras
Singrar o azul do mar sem fim
Navega o amor, o navegante sonhador
Não teme a dor, o Bojador há de cruzar
Porém na flor, a rubra cor se apagará
E o que já foi, tempos depois
......................................................nada será!
Martim César
Sobre os telhados de Lisboa
Uma canção fala de amor
E eu – pequeno e sonhador –
Cismo que tenho dentro d’alma
Toda a beleza dessa calma
Que a tempestade me levou
Aqui o chão, mais além a imensidão
Aqui o cais, depois a glória ou nunca mais
A vela aberta, a sina incerta, o infindo mar
Enfim o aceno e o derradeiro navegar
Meu coração hoje é como um fado
E nem todo o azul do mar salgado
Me traz a luz dos olhos teus
Mistério de quem sente
- ( o que não sabe ) -
Que todo o oceano cabe
Numa lágrima de adeus
A nave-mestra deixa o cais
Com esse olhar de nunca mais
Que Portugal gravou em mim
Devo partir, içar as velas
Rumar ao porto de outras terras
Singrar o azul do mar sem fim
Navega o amor, o navegante sonhador
Não teme a dor, o Bojador há de cruzar
Porém na flor, a rubra cor se apagará
E o que já foi, tempos depois
......................................................nada será!
Martim César
quarta-feira, 1 de setembro de 2010
Em cada escolha arriscas a vida que poderias ter; em cada decisão, perdê-la! Richard Bach
Las alas blancas de un sueño
Una gaviota orillera, blancas alas de pañuelo
Quiso volar más allá de las águas de su puerto
Tras esas aves de paso que no conocen fronteras
Se fue soñando ser libre, por no prenderse a su tierra
Dejó el calor de su nido por la libertad del cielo
Pagó con penas y olvidos lo que ganó con el vuelo
Después de volar por días vio que sus plumas pesaban...
¡No era una golondrina!... Y tanto mar aún quedaba
Pensó en volver a casa, posar de nuevo en su suelo
Aceptar su dicha de ave que nace y muere en un puerto
Pero su corazón viajero jamás volvería atrás
En su playa estaba su vida, pero no estaba su paz
Más fuerte fue su ilusión de hacer el mundo pequeño
Y para vivir sin saberlo... ¡mejor morir por un sueño!
Martim César
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