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quinta-feira, 28 de março de 2013

Allá donde el campo es cielo, abre alas para el vuelo, sin salir de su lugar...



Allá donde el campo es cielo

Mirando la lejanía
Allá donde el campo es cielo
Abre alas para el vuelo
Sin salir de su lugar

Al rededor de su rancho
Son leguas de imensidad
La soledad... lleva adentro
Afuera... el campo nomás 

La vida pasó de largo
Y hoy es tan solo un viejo
Que si le pesa la edad
Le pesan más los recuerdos

Tuvo un amor hace tiempo
¡Quizás le faltó coraje!
Todo quedó en el intento
Y en las bromas del paisanaje

Por eso ha quedado solo
Mateando com sus recuerdos
Allá donde el campo es cielo
En un ranchito puestero...


Martim César

sexta-feira, 22 de março de 2013

Se foram todos pra o povo, buscar o quê, não se sabe!... Ficou atrás a lembrança, que o tempo chamou saudade.





Pintura em quadro de ausência

Tenho a ausência estradeira das taperas
Onde ainda os pomares dão seus frutos
Caudal do tempo que no vento tudo leva
Gente que partiu, olhar vazio, vestindo luto

Ainda ontem havia chama no pavio
Velas pelo rancho e riso solto de criança
Uma gamela esperando junto à porta
E uma roseira florescendo de esperança

Mas o inverno desses fundos de campanha
É bem mais frio do que as geadas manhaneiras
E essa gente se cansou - igual à terra -
Se fez estrada, céu de néon, nuvem de poeira

Tenho o silêncio desses tristes corredores
De casas velhas como quadros de abandono
Portas abertas apontando para a estrada
Na voz do vento perguntando por seus donos

Templos vazios onde a vida teve um fim
Embora o tempo – por ser tempo – não esquece
E ainda se mostra na roseira envelhecida
Que a cada ano, sem porquê, ainda floresce!...

Martim César

quarta-feira, 20 de março de 2013

Se eles têm três carros, eu posso voar. Mas louco é quem me diz, e não é feliz. Secos e molhados



Celebração aos poetas loucos

Dou vivas a essa rebeldia
Que as folhas vazias
Não podem domar
A esse voo incerto
A um lugar tão perto
De nenhum lugar
À incontrolável febre
Daquele que escreve
Poemas ao vento
E do inferno ao céu
Derrama no papel
Rios de sentimento

Celebro os doidos da arte
E o seu mundo à parte
Sem regras cabais
Que navegam sozinhos
Por um mar de vinho
Sem buscar um cais
Que, mesmo sem vê-las,
Acendem estrelas
Nas almas feridas
E vivem sem medo
Que é o maior segredo
Dessa nossa vida

Dou graças aos poetas loucos
Que não fazem pouco
Das palavras vãs
Que rompem as grades
Para a claridade
Do sol das manhãs
Que cultuam versos
Nesse universo
Do céu interior
Que vivem de sonhos
E, às vezes, tristonhos
Se matam de amor Martim César


terça-feira, 19 de março de 2013

Quem beberá na cacimba Onde saciei minha sede? Quem se embalará na rede Que, ao vento, balança ainda?


 

Entre charlas e poemas


Eu faço minha poesia
Feito quem busca pros dias
Estrelas da noite imensa
Assim encontro sentido
A este ser dividido
Entre o que é e o que pensa

Escrevo em qualquer papel
As frases desse mundéu
Onde enredei meu viver
Assim as horas mais vãs
São como o sol das manhãs
Que tudo invade ao nascer

De mim, restará o que digo
Numa canção ou num livro
Nalguma história de amor...
Mas não me creiam deveras
Minha verdade mais séria
É o meu olhar sonhador

O universo que eu toco
Em meio a charlas e copos
Nas minhas noites insones
É essa luz que me ensina
Que a chama que me ilumina
Também me queima e consome

Andar... eu ando e andando
Eu vejo o mundo rodando
E nele eu sigo, à deriva
Cumprindo o eterno dilema:
Saber que o maior poema
É sempre menor que a vida
Martim César

segunda-feira, 18 de março de 2013

Eles passarão... nós passarinho! Mário Quintana



Para um grito-passarinho de Quintana


A palavra é uma ave na garganta
Abre asas e no céu se faz um grito
Um quadro... desespero que espanta
Que diz tudo mesmo nada sendo dito

Qual frase de ternura de Guevara
Qual libelo de Sepé ao infinito
Resiste na canção de Victor Jara
Num poema de Neruda al Sur escrito

Feito um basta na injustiça deste tempo
Feito sonho (o meu sonho mais bonito!)
Onde ninguém mais gritasse por lamento
Onde o mal, já por ser mau, fosse proscrito

Quero um grito, mas que seja de esperança
Um de Quixote - o cavaleiro sonhador -
Ou que viesse, tal e qual ao da criança
Ao nascer... com toda a vida ainda em flor

Quero um grito-passarinho de Quintana
Ou do Pessoa... para além do Bojador
Que sonhe a humanidade mais humana
Ou o profano e livre grito... do amor!

Martim César

sexta-feira, 15 de março de 2013

E se um dia o inverno for verão...

 

Para os dias que virão...

Não me peças que eu seja um rio sereno
Desses que eternizam tardes calmas
Minha vida é mar revolto, sol a pleno
Nunca pude dar silêncio à minha alma!

Desde o dia em que abri as minhas asas
Compreendi que buscar rastros era em vão
Quem partiu e depois quis voltar às casas
Só encontrou em seu regresso a solidão

Mas, companheira, quando chegas de mansinho
Nesse rancho onde eu guardei meu coração
Em teus olhos eu encontro o meu caminho
E já não temo mais o frio dos dias que virão

Mas, companheira, no calor do teu carinho
O meu inverno se aconchega em teu verão
E enfim entendo que já não quero ser sozinho
E arrumo o rancho para os dias que virão

Não me peças que eu seja um rio sereno
Igual a esses que enfeitam as paisagens
Minha vida é mar revolto, sol a pleno
Águas rebeldes alargando as suas margens

Quando se tem no coração noites escuras
Vale bem mais a frágil luz de cada estrela
Pequeno ser que a cada passo se pergunta
Que vale a vida... se a vivermos sem vivê-la?


Martim César

quarta-feira, 13 de março de 2013

Que los más infelices sean los más privilegiados. Jose Gervasio Artigas




Va un gaucho por el pueblo


¿Porque te ríes, compañero
Con tu traje y tu corbata
De ese viejo que camina
Sombrero, poncho y alpargata?

Vino a buscar en el pueblo
La salud que ya le falta
Pero por más que no tenga
Jamás te ha pedido nada

Yo lo he visto a este señor
En sus tiempos de baqueano
Con la Pampa por delante
Con sus riendas en la mano

Hombre de muchos silencios
Y de saberes muy hondos
Pues las palabras son muchas
Pero los actos son pocos’

Es nuestro mundo, paisano...
No el que soñamos un día
La patria que pudo ser
Y no esta que no es mía

No te rías si no sabes
De tu tierra las raíces
!En ese viejo camina
La patria grande de Artigas!

Martim César

terça-feira, 12 de março de 2013

Quem foge à terra natal em outros cantos não pára.... Luiz Gonzaga


A cruz que deixa quem parte

A fraca luz de um lampião
Alumiando o rancho silente
Espelha no olhar dos velhos
A luz da alegria ausente

Vai-se a carreta de muda
Amanhã... mal clareando o dia
Buscar no povo o que o campo
Mermou em safras vazias

Não mais que ontem a esperança
Botava pratos na mesa
Mas veio a seca... e o descaso
Pousou no rancho a tristeza

Atrás restará a tapera
Feito cruz num solo santo
Mostrando aos olhos do mundo
Que assim vai morrendo o campo.


No olhar, a água do açude
Nuvens de inverno, na mente
Atrás estava o futuro
Mas não chegou ao presente

Destino de muitos outros
No chão sem chão de uma vila
A água há muito esperada
Só vai chover nas retinas

Martim César

segunda-feira, 11 de março de 2013

Não gosto da arquitetura moderna porque ela não é capaz de construir casas antigas. Mario Quintana



Por trás dessas portas

Há bem mais que silêncio por trás dessas portas
Bem mais que fantasmas sussurrando ao vento
Cochichando às noites – em suas horas mortas -
Que ainda seguem vivos, apesar do tempo...

São tantos romances e dramas mundanos
Que deixaram rastros no vão dos portais
Enfim apagados... são sonhos humanos
Que além dos retratos descansam em paz

Por trás dessas portas a vida nem sabe
Que outro tempo invade o coração da gente
Mostrando que tudo passa de repente...
Somente das coisas é a eternidade!

Rangendo se abrem nas horas silentes
Parece que tentam despertar a cidade
Mas depois se calam pois, talvez, pressentem
Por trás da madeira só restou saudade

No cimo da igreja, vigiando as casas
Um relógio parado timbrou-se no tempo
De nada lhe importam os dias que passam
Suas horas ficaram em outro momento

No alto pé direito se esconde o passado
Nos entalhes gravados o fim de uma era
Nas ruas o mundo caminha apressado...
A vida é tão breve e o tempo não espera!


Martim César

sexta-feira, 8 de março de 2013

Seguimos, alma livre e libertária, nem a morte nos separa desse dia que há de vir.

 

Sobre as utopias

Onde estará agora a tua fúria jovem
Tua palavra ao vento
Tua esperança nobre
Nesse mundo que havia de vir?

Onde estarão agora as tuas utopias
O teu punho ao alto
Tuas garras de sonho
Enfrentando aos gritos os surdos fuzis?

Que o mundo mudou, disso eu já sei bem...
E que nesses anos todos, mudamos também
Que a guerra foi perdida e que ficamos sós
E que essa não é a vida que sonhamos nós

Mas quem foge à luta não aprende nada
Pois mais vale o passo que a própria chegada
E o maior segredo é não andar sozinho
É ir tirando, juntos, as pedras do caminho

Onde estará a tua alma revolta
Tua raiz de povo
Tua canção liberta
Sonhando nas praças um novo país?

Onde estarão agora os teus ideais
Tua juventude alerta
Semeando nas ruas
O chão desses filhos que hoje estão aqui?

Martim César

quinta-feira, 7 de março de 2013

A vida não é justa. E o que justifica esse nosso curto passeio é a solidariedade” - Oscar Niemeyer




Herança dos desvalidos

Arranchamento urbano, paredes de lata
A miséria mata nos pobres casebres
Pessoas com fome, com frio e com febre
À sombra dos prédios de quem só diz não

Monumentos insanos, monstros de cimento
Fartura e lamento se olhando de frente
Dos que têm o mundo, dos que nem são gente
Dos que tendo tudo não têm compaixão

Formigueiro humano, tristeza sem teto
Corações de concreto, embaixo da ponte
Só restam lembranças da vida de ontem
Naqueles que um dia deixaram seu chão

Derradeiro engano, caminhos perdidos
Orgulhos vencidos por pratos vazios
Mendigando favores, vendendo seus brios
Colunas vergadas pela humilhação

Só esmola não basta
A miséria se alastra
E o homem se arrasta sem sonho e sem chão
Só a fome é a certeza
Quando a mesa é o lixo
E o homem é um bicho em busca de pão